Pesquisadores identificaram que a China tem tido mais sucesso do que o antes avaliado em conter alterações climáticas no país. Uma equipe composta por cientistas de diversos países observou que duas áreas chinesas têm sido responsáveis por absorver mais de 35% de toda a captura de carbono na atmosfera chinesa. O estudo, que foi possível graças a análises feitas no local e dados obtidos via satélite, foi publicado na revista científica “Nature”.
Torres de fábricas lançam gases na atmosfera em Nantong, na China.
As áreas destacadas pelo projeto ficam em duas regiões do país: no sudoeste, nas províncias de Guangxi, Yunnan e Guizhou, e no nordeste, em Heilongjiang e Jilin. Apenas a região mais ao sul tem realizado 31,5% do sequestro total de carbono na China (-0,35 petagramas por ano, ou seja: 350 milhões de toneladas). Já no nordeste chinês, o saldo final da relação entre carbono absorvido e carbono emitido representa 4,5% do sequestro de carbono do país (0,05 petagramas por ano, 50 milhões de toneladas). Como se sabe, os chineses são responsáveis por 28% das emissões globais de carbono produzidos em todo mundo. Porém, o governo chinês se comprometeu a reduzir drasticamente esse cenário até o ano de 2060. A intenção é que as emissões se mantenham em alta até 2030 e que, a partir daí, haja um declínio considerável até chegar à neutralidade de emissões.
Para o pesquisador Yi Liu, coautor do estudo e integrante da Academia Chinesa de Ciências, a meta ousada anunciada pelo presidente Xi Jinping deve envolver uma mudança na produção de energia do país e também no crescimento dos reservatórios de sequestro de carbono sustentáveis. – Pegada de carbono do mundo dos esportes pode ser comparada a de um país inteiro
China planeja neutralizar as emissões de carbono até 2060.
Até bem recentemente, acreditava-se que as medidas tomadas pelo país para reduzir os índices de carbono na atmosfera estavam aquém de seus esforços. Mesmo com o aumento de vegetação nas últimas décadas, não se observava uma redução considerável nos números. A pesquisa publicada recentemente na “Nature” faz um contraponto a essa crença. “A China é um dos maiores emissores globais de CO2, mas o quanto é absorvido por suas florestas é muito incerto. Trabalhando com dados de CO2 coletados pela Administração Meteorológica Chinesa, fomos capazes de localizar e quantificar quanto CO2 é absorvido pelas florestas chinesas”, diz Jing Wang, do Instituto de Física Atmosférica e principal autor do relatório. – Em 15 anos Amazônia poderá não mais absorver CO2, diz estudo
Apesar da euforia em volta do artigo, é preciso lembrar que, de acordo com especialistas, a capacidade de absorção de carbono por uma floresta acaba diminuindo com o tempo. Mesmo assim, a novidade não deixa de ser um alento para controlar os impactos das mudanças climáticas na Terra.
Fonte: Hypeness