Ao longo da última década, especialistas manifestaram preocupações a respeito de efeitos psicológicos negativos relacionados ao uso da finasterida, um dos mais populares remédios para tratamento de calvície em homens e também utilizado no combate ao câncer de próstata. A dúvida principal é se episódios de ansiedade, depressão e pensamentos suicidas poderiam estar ligados ao uso do medicamente. Agora, um estudo liderado pelo professor David-Dan Nguyen, da Escola de Medicina da Harvard, nos Estados Unidos, lança luz sobre a questão.
Após analisar informações contidas em uma plataforma chamada VigiBase, que coleta dados sobre reações adversas a medicamentos em 153 países e contém mais de 20 milhões de relatórios, os autores encontraram uma ocorrência desproporcional de ideação suicida (quando a pessoa chega a planejar mentalmente o autoextermínio), depressão e ansiedade entre pessoas de até 45 anos e que tomavam finasterida para combater a queda de cabelo.
No estudo, publicado nesta quinta feira (11/11) na revista especializada Jama Dermatology, os autores ressaltam que o resultado pode ter sido influenciado pelo fato de os pacientes terem sido questionados a respeito de tais efeitos colaterais, uma vez que desde 2012 o tema é uma preocupação constante no meio médico. Porém, eles alertam que “pacientes mais jovens podem ser mais vulneráveis aos efeitos adversos da finasterida”. “As conclusões deste estudo sugerem que o risco de tendência ao suicídio, depressão e ansiedade deveria ser considerado ao se prescrever finasterida a pacientes mais jovens com perda de cabelo”, escrevem.
Claro sinal
“Neste estudo, nós encontramos um indício, mas precisamos de mais investigação para entender se há uma explicação biológica (para o fenômeno). Às vezes, efeitos colaterais podem funcionar como uma profecia autorrealizadora, ou seja, quanto mais as pessoas sabem das preocupações, mais elas falam sobre elas. Mas, neste caso, há um claro sinal (de perigo) aqui e somos desafiados a responder por que ele existe”, resume, em um comunicado à imprensa, Quoc-Dien Trinh, um dos autores da pesquisa.
Fonte: Correio Braziliense