Viralizou nas redes sociais, neste ano, um vídeo em que a cantora gospel Ana Paula Valadão fala sobre AIDS de forma extremamente ignorante e preconceituosa, cheia de informações infundadas. Com base nesse material, o Ministério Público Federal aceitou a abertura da denúncia de homofobia contra a pastora.
“A Bíblia chama de qualquer opção contrária ao que Deus determinou, de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte. Taí a AIDS para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim… Não é o ideal de Deus”, afirmou Ana Paula Valadão em um congresso do Diante do Trono de 2016.
De acordo com a Folha De S.Paulo, após se deparar com o vídeo da declaração da cantora, o ativista LGBTI+ Agripino Magalhães fez uma denúncia ao MP de Belo Horizonte, em setembro, pedindo apuração por crime de homofobia ao órgão. O procurador Helder Magno da Silva, determinou a abertura de inquérito contra Ana Paula Valadão, neste mês.
O procurador Helder Magno da Silva aprovou, dia 17 de novembro, a denúncia e determinou a abertura de inquérito. Dentre as justificativas, escreveu:“Remonta à década de 1980 a narrativa da AIDS como ‘doença/câncer/peste gay’ ou mesmo ‘castigo de Deus’, que se baseava na desinformação sobre o vírus e desconhecimento sobre a doença; tal concepção, inclusive, foi há muito superada pelo conhecimento médico-científico”
O inquérito vai “apurar eventual prática de conduta discriminatória caracterizadora de discurso de ódio sexual e contra pessoas portadoras do HIV”.
Família Valadão
André Valadão, irmão de Ana Paula Valadão, em resposta a um seguidor no Instagram, em setembro deste ano (2020), disse que a igreja não é lugar para gays.
Para entender, um seguidor questionou se um casal homossexual, formado por dois rapazes, deveria ser expulso. O pastor respondeu: “Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um”.
Na mesma semana, a vice-presidente da comissão da OAB, Emilia Viriato, disse ao G1 de Minas que já que o pastor André Valadão atingiu todo um grupo, sua fala não foi simplesmente uma injúria. Desde junho do ano passado, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), declarações homofóbicas e transfóbicas podem ser enquadradas no crime de racismo, que é imprescritível e inafiançável.
“Ele fala que todos os gays não podem participar. André Valadão atingiu a coletividade. A comissão vai tomar providências, sim. Nós vamos apurar os fatos, é uma questão de direito. É um ato que ocorreu publicamente em redes sociais e, mesmo tendo sido apagado, mediante análise de tudo isso, vamos fazer um parecer e entrar em contato com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)”, afirmou a vice-presidente Emilia Viriato.
Fonte: Põe na roda