Na tentativa de provar que a relação com Dani Calabresa era amigável, Marcius Melhem reuniu uma série de mensagens que teria trocado com a humorista entre os anos de 2017 e 2019.
As conversas, apresentadas por Melhem, fazem parte de uma notificação extrajudicial encaminhada pela defesa do ator nesta semana a Calabresa para que ela confirme ou negue, dentro de cinco dias, o conteúdo da reportagem da Piaui, onde é dito que ela teria ficado traumatizada pelo assédio do humorista.
A notificação extrajudicial enviada pela defesa do humorista, assinada pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Ana Carolina Pivoesana, é uma medida preparatória que servirá como base para um futuro processo de Melhem contra a atriz e a revista Piauí.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, são sete conversas reunidas no documento. Entre elas, uma mensagem de áudio enviada por Dani Calabresa em dia 12 de novembro de 2017, dia de seu aniversário.
“Chefe, estou mandando este áudio para agradecer a mensagem linda que você mandou no grupo. Todas as mensagens que você manda sempre de apoio e de carinho. Nossa, você não tem ideia como fico feliz de saber que você me acha talentosa. Eu sou sua fã para caralho”, diz Calabresa.
A mensagem corresponde a uma data que seria oito dias depois da confraternização, onde, conforme a reportagem, a comediante teria sofrido o assédio sexual de Melhem.
Ainda no mesmo áudio, vem o convite de Calabresa. “Estou muito feliz de verdade. Te amo muito. Um beijo para as suas filhinhas lindas. Vamos para a Disney juntos”, completou.
A advogada de Calabresa, Mayra Cotta, se manifestou sobre os áudios e, em nota enviada à Folha, disse que a “interpelação repete estratégia comum a casos similares”.
“Objetiva intimidar não apenas uma vítima específica, mas outras que ainda permanecem protegidas sob sigilo e até mesmo testemunhas, como se isso fosse capaz de apagar os graves fatos narrados e cuidadosamente checados com dezenas de pessoas citadas pela matéria”, escreveu.
“Estou numa encruzilhada por parte da opinião pública. Se mostro alguma coisa, estou expondo as vítimas. Se vou para a Justiça, estou intimidando a advogada”, diz ele. “Me defendo onde?”, argumentou Melhem.
A defesa do ex-diretor de humor da Globo apontou ainda, na notificação, que a relação posterior entre mensagens trocadas com Dani “se manteve harmoniosa, com a mesma afetuosidade, nos meses e nos anos seguintes à festa”.
Um trecho de uma mensagem enviada em novembro de 2018, um ano depois da festa, exemplificaria o que aponta a defesa. Dani teria enviado: “Ai, te ‘aminho’, muito, muitas saudades, pena que a gente se encontra pouco, mas eu sinto uma intimidade que, assim, eu posso mandar áudio, eu posso mandar mensagem a qualquer hora”.
De acordo com o documento, em outros momentos a atriz se refere a Melhem como “o mais profissional dedicado caprichoso ‘workaholiquinho’” e “ciborguinho”.
Na mesma entrevista, Melhem garantiu que “não forçou Dani a nada naquela noite”, e afirmou que só revelará à Jjustiça a sua versão dos fatos daquele dia.
Segundo Melhem, hoje ele faz sessões quase diárias de terapia e reconhece ter cometido erros em relações pessoais, além de traição, a falta de empatia e sensibilidade, mas nega ter cometido assédio. “Nas relações pessoais, hoje entendo que fui tóxico várias vezes. Feri e magoei várias pessoas, sobretudo minha ex-mulher. Do ponto de vista profissional, não persegui ninguém, não coagi ninguém”, ressalta.
O ator diz ainda que não repetiria atitudes, tais qual se relacionar com pessoas no ambiente do trabalho. “Isso sempre foi visto como algo normal, naturalizado. No meio artístico em geral, isso acontecia e continua acontecendo. Hoje consigo enxergar com clareza os riscos, os erros e as consequências de você se relacionar com pessoas que muitas vezes estão abaixo de você”.
Fonte: Metrópoles