A 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) concluiu que o caso envolvendo a idosa Milta de Jesus Oliveira, 75 anos, que sofreu um infarto no último sábado (28/11), após ter sido acusada de furtar um chinelo no Atacadão Super Adega, no Jardim Botânico, não representa qualquer pratica criminosa. Segundo a corporação, a situação deve ser tratada na esfera cível, caso a família peça algum tipo de reparação.
Os investigadores ouviram familiares e foram até o atacadista nessa terça-feira (1º/12). Para a polícia, houve apenas uma falha por parte dos funcionários do estabelecimento. A ocorrência foi registrada na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como “calúnia” e “crime contra idosos”.
“Analisamos as imagens de circuito interno do mercado e, após exaustivas investigações, concluímos que não houve a pratica de crime por parte de qualquer funcionário do Super Adega. Na verdade, ficou demonstrado que não houve dolo, a intenção deliberada desses funcionários em ofender a honra dessa senhora. Tudo não passou de um mal entendido”, explicou o delegado do caso, Ulysses Fernandes.
A idosa segue internada no Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde passou por procedimento de cateterismo. Como ela precisa fazer muitos exames, a família avalia a possibilidade de transferir Milta para o hospital Daher, que será custeado pelo super Adega.
Milta é hipertensa e controlava a pressão com uso de remédios. A paciente chegou a ser atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião e foi transferida na madrugada de segunda-feira (30/11) para a unidade hospitalar da Universidade de Brasília (UnB). Relatório médico indica um infarto agudo do miocárdio.
Segundo o HUB, o cateterismo, realizado no início da tarde desta terça, não mostrou nenhuma obstrução significativa. “Portanto, Milta voltou para a UTI após o procedimento, onde segue internada para monitoramento e aguarda o resultado de exames laboratoriais”. Ainda conforme a unidade, o quadro de saúde da paciente é estável.
Entenda o caso
Antes de sofrer o infarto, a aposentada estava acompanhada de familiares. Quando eles foram passar as compras no caixa, ela foi surpreendida com o comportamento dos funcionários.
“Após passar todas as compras, cujo valor foi mais de R$ 600, em tom de voz alterado e audível para todos os outros clientes que estavam na fila ouvirem, faz-lhe o seguinte questionamento: ‘A senhora vai pagar essas sandália que furtou também?’”, relembrou a neta Grazielle Oliveira.
Nervosa, a aposentada tentou explicar que aquele chinelo que calçava era um presente. Falou que é uma mulher honesta e que nunca furtou ou roubou nada de ninguém. Segundo os familiares, a funcionária do caixa chamou um dos seguranças. A equipe queria que a mulher provasse que as sandálias, da marca Havaianas, não era produto de furto.
“Após ser acusada de furto e todo o escândalo armado pela funcionária do caixa e a grosseria dos seguranças desse atacadão, ela começou a se sentir mal. A pressão subiu. Jamais pensou que nesta idade seria vítima de tamanha injustiça e desrespeito”, completou Grazielle.
Depois da discussão, o gerente do local, segundo relato das testemunhas, se desculpou, afirmando que a idosa era muito parecida com uma suspeita de furtar sandálias no local. Além da Polícia Civil, a família, que mora em São Sebastião, denunciou o caso à ouvidoria da Super Adega. O atacadista adiantou-se em pagar tratamento médico e psicológico para a vítima.
Ao Metrópoles, a equipe jurídica da Super Adega confirmou os fatos e ressaltou que foi oferecido um leito no Hospital Daher ou no Hospital Santa Luzia, mas como surgiu uma vaga na rede pública, a família optou pela transferência para o HUB.
Fonte: Metrópoles