A professora Gisele Nascimento, hoje com 32 anos, teve diagnóstico tardio de autismo e até lá sofreu com dificuldade de interação, falta de amigos, comentários preconceituosos e ficou sem falar dos 7 aos 8 anos de idade.
A família não sabia que ela tinha grau leve de autismo, apenas que era uma criança muito inteligente. Aos 4 anos Gisele começou a demonstrar interesse por livros, que o pai, um estivador, comprava em um sebo perto do cais do porto de Niterói, no Rio de Janeiro.
A menina passou a “devorar” os livros de forma autodidata, sem nunca ter ido à escola. Aos 5 anos ela também começou a ler em inglês e não parou mais. Quando completou 10 anos, já dominava seis idiomas: inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, além do português.
Três graduações
Hoje Gisele é casada, tem dois filhos – uma adotiva, com 20 anos, e um bebê de 6 meses – e leva uma vida comum, só toma medicação para controle da atividade motora. Ela brinca que é muito estabanada.
Formada em pedagogia, psicologia, sociologia, com especialização em segurança pública, ela passou em dois concursos na rede municipal – o último em 2011 – e dá aulas em escola municipal de Itaboraí, no Rio.
Mas, a professora revela que, no início, omitiu o fato de ter autismo para evitar o preconceito.
Alfabetização em 6 meses
Ela conta que desenvolveu uma técnica eficiente de alfabetização, com métodos específicos, que pode ser usada por qualquer aluno e pode alfabetizar em 6 meses.
“Em casos de autismo de grau leve, finalizo o processo de alfabetização em seis meses. Eles aprendem, por exemplo, por métodos específicos, são extremamente visuais. Precisam de tempo para ver a imagem e associá-la à palavra, tanto escrita quanto ao fonema”, diz.
Os alunos aprendem brincando e recebem recompensas.
“É preciso brincar, lidar de forma lúdica. Além disso, as recompensas têm papel fundamental no reforço do aprendizado. Premiar pequenas vitórias com peças de brinquedos, fichas e doces as mantêm estimuladas e motivadas por mais tempo”, contou a professora ao OGlobo.
A maior paixão dela é dar aulas para crianças e adultos com necessidades especiais.
Na Escola Municipal Clara Pereira, Gisele é responsável por uma turma mista de alunos com idades entre 9 e 27 anos, que têm transtornos diversos: autismo, Síndrome de Down, deficiência intelectual e superdotação.
Gisele dá conta de seis estudantes apenas com uma assistente, para acompanhar alunos com grau severo de autismo, que têm maior dificuldade e apresentam comportamento agitado.
Pelo reconhecimento do trabalho, ela foi convidada para participar do primeiro curso de formação de professores da Clínica-Escola do Autista, em Itaboraí, primeiro local público do país a oferecer atendimento multidisciplinar gratuito para autistas.
Fonte: Só notícia boa