Países da Europa e nações que surgiram a partir da colonização têm em seus calendários diversos feriados cristãos. Se contar apenas as datas nacionais, são pelo menos cinco no Brasil: Sexta-Feira Santa, Domingo de Páscoa, Corpus Christi, Natal e dia de Nossa Senhora Aparecida. Uma data, entretanto, escapou ao repertório nacional: o Dia de São Valentim, ou, em inglês, Valentine’s day.
Na história católica, existem dois mártires chamados Valentim. Um deles, nascido no ano 175 e consagrado bispo de Roma, enfrentou a prisão por um motivo muito plausível para grande parte dos apaixonados: a defesa do casamento. É que o imperador da época, Cláudio II, acreditava que solteiros eram melhores combatentes e, por isso, proibiu que fossem celebradas uniões durante o período de guerras.
Mas Valentim não só enfrentou a tirania do líder político — continuando a celebrar matrimônios durante a vigência da proibição — como também se apaixonou pela filha de um dos carcereiros que o vigiavam na prisão depois que fora detido. A moça, que era cega, voltou a enxergar e o milagre foi atribuído ao pároco apaixonado.
Institucionalização
Quase 300 anos depois, no século V, a Igreja Católica queria incentivar a formação de famílias e legitimar os matrimônios. Além disso, era preciso conseguir uma data que substituísse o tradicional festival romano Lupercalia — quando o povo venerava a deusa da fertilidade e comemorava o início da Primavera. Foi quando os líderes da igreja resgataram a história de Valentim e o transformaram no padroeiro do amor, instituindo o 14 de fevereiro como dia dos namorados.
Como ocorreu com a maioria das tradições cristãs, a data se espalhou pelo mundo ocidental, ganhando grande repercussão em lugares fora da Europa, como Estados Unidos, México, Argentina, Chile e Uruguai.
E o Brasil?
Por aqui o “dia mais romântico do mundo” passou quase despercebido por muitos anos. Não fosse pela popularidade das séries, filmes e outros produtos culturais importados dos Estados Unidos, é possível que ainda não nos atentássemos para a data. Isso porque o Dia dos Namorados nacional é celebrado em 12 de junho, véspera da comemoração de Santo Antônio — que por aqui tem fama de ser casamenteiro.
Ainda assim, não foram as lendas e simpatias em torno do religioso nascido em Pádua (Itália) que popularizaram a data. Por um motivo bem mais prático, melhorar as vendas no mês de junho, um publicitário popularizou a comemoração, em 1948. E ele era ninguém menos que João Dória, pai do atual governador de São Paulo. Inspirado pelo sucesso de vendas que era o Dia das Mães, em maio, ele lançou diversas propagandas com slogans como “Não é só com beijos que se prova o amor!” e “Não se esqueçam: amor com amor se paga”.
Até hoje, ninguém divulgou o motivo de o profissional ter escolhido o dia 12 de junho ao invés do próprio dia 13. Apesar disso, a data caiu no gosto popular e a maior parte dos casais brasileiros espera até o meio do ano para trocar declarações de amor.
Com informações da BBC Brasil
Fonte: Correio Braziliense