O Hospital da Criança José Alencar está recebendo pacientes adultos, com até 30 anos, e tamanho moderado — para caber nas camas infanto-juvenis. A Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação ampliou o atendimento para receber pacientes que se salvaram, mas mantiveram sequelas da contaminação pelo novo coronavírus.
Até mesmo as unidades especializadas precisaram se adaptar à pandemia. Com a demanda crescente, todos os envolvidos com saúde pública precisam colaborar para amenizar os efeitos dessa guerra mundial que só ontem tirou a vida de 2.841 brasileiros. “Entendemos ser nosso papel, como unidade da rede pública, contribuir neste momento de necessidade absoluta, da melhor maneira possível”, afirma o superintendente do Hospital da Criança, Renilson Rehem.
Na busca por atendimento de pacientes com covid-19, a Secretaria de Saúde do DF pediu o apoio de todas as unidades de saúde. Em ofício dirigido à presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, pede ajuda para que sejam disponibilizados serviços de internação em enfermaria e UTI para pacientes com covid-19 como forma de auxiliar a rede pública de saúde do DF na guerra contra a pandemia.
No caso do Hospital da Criança, o pedido é de que a unidade, criada para receber pacientes pediátricos com doenças de alta complexidade, passe a atender também adultos de até 30 anos. A única restrição é de que tenham até 70 kg, com altura máxima de 1,70m, para que os leitos e equipamentos destinados a crianças e adolescentes sejam adaptados para esses pacientes com covid-19.
Nos ofícios, Okumoto e o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Leonardo Barron Sanchez, fazem uma série de considerações sobre a situação atual da pandemia. Eles ressaltam que a situação de taxa de ocupação de leitos de UTI para covid está próxima de 100%, e a lista de demanda reprimida conta com mais de 200 pacientes nos últimos dias. Os dois também destacam que pacientes portadores de covid intubados estão permanecendo nas emergências das unidades hospitalares da rede pública, inclusive, permanecendo em salas de centro-cirúrgico.
A presidente da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, Lúcia Willadino Braga, esclareceu que a procura pelo atendimento no Sarah cresceu em meio à pandemia. “Em consequência da expansão do número de infectados pelo vírus, há diariamente uma demanda adicional significativa por reabilitação de pacientes que sobreviveram à covid com sequelas graves que envolvem disfunções motora, neurológica e cognitiva”, explica.
Grupos de risco
O tratamento envolve várias terapias desenvolvidas na rede. No caso de internações, como requisitou a Secretaria de Saúde em ofício nesta manhã (16/03) ao Sarah, Willadino esclarece que as nove unidades da rede atendem a mais de 1,5 milhão de pessoas por ano, sendo a maioria pertencente aos grupos de risco de agravamento em caso de contaminação pelo novo coronavírus.
São pacientes idosos ou pessoas com lesões neurológicas graves, imunodepressão, paraplegia, tetraplegia ou com outros quadros de deficiência, além de outras comorbidades associadas, que não podem ter seus tratamentos suspensos. “Nossos leitos e procedimentos cirúrgicos se destinam a esses pacientes graves e alto risco de morte”, afirma Lúcia Willadino.
A presidente do Sarah ainda argumentou que a infraestrutura de espaço e equipamentos e os recursos humanos são voltados para reabilitação, não sendo adequadas para receber pacientes para internação especializada em covid-19. Mesmo assim, a Rede tem dado a sua contribuição. Desde o início da pandemia, temos realizado empréstimo de materiais e equipamentos para as Secretarias de Saúde estaduais e municipais de todas as unidades da federação em que a Rede tem unidade hospitalar, para auxiliar neste momento de enfrentamento da situação”, diz.
Segundo dados de ontem: um adulto e crianças com covid-19 estavam internadas em UTI no Hospital da Criança de Brasilia. Eles já tivemos sete crianças contaminadas ao mesmo tempo, sendo três em UTI e quatro em enfermaria. Eles atendem desde o início da pandemia e até criaram uma UTI que batizaram de Leão Marinho, separada e própria para isso. O atendimento de casos de covid é feito em áreas isoladas que não representam risco de contaminação para outros pacientes.
Fonte: Correio Braziliense