O feriado prolongado da Semana Santa se aproxima, e junto vem aquela dúvida que acompanha pais e responsáveis por crianças e adolescentes: como mantê-los entretidos de maneira saudável com as restrições provocadas pela pandemia do coronavírus? Pensando em ajudar e inspirar na busca por essas atividades, a Agência Brasília ouviu três especialistas da Secretaria de Educação (SEE), que dão algumas dicas.
“Participar da atividade é o mais importante. O adulto se introduzir nesse momento ao lado do seu filho ou da sua filha traz ainda mais significado”
Leonardo Vieira Nunes, psicólogo
Além de estimular os aspectos físicos, sensoriais e emocionais dos mais novos, as ações e recomendações também destacam a importância da participação dos pais ou responsáveis, como elemento moderador ou estimulante, na exploração da criatividade e de opções simples de atividades que se adequem à rotina e à situação de cada família.
Consciência e participação
Para o psicólogo Leonardo Vieira Nunes, gerente do Serviço Especializado de Apoio à Aprendizagem da SEE, antes de tudo é importante os pais ou responsáveis conversarem com os mais novos e procurar conscientizá-los sobre momento atual. “Por que temos que ficar em casa?”, exemplifica. “Por que tomamos medidas de segurança em prol do outro? É importante a pessoa responsável ter esse diálogo e, principalmente, vincular com o exemplo”.
Para dentro de casa, o psicólogo sugere atividades vinculadas à arte, como tocar um instrumento musical, dançar ou desenhar, bem como brincadeiras lúdicas que estimulem o raciocínio – jogos de tabuleiro, por exemplo –, além de livros e filmes apropriados para a idade de cada criança ou adolescente. Independentemente da atividade, uma condição é essencial: estar junto.
“Participar da atividade é o mais importante”, ressalta Leonardo. “O adulto se introduzir nesse momento ao lado do seu filho ou da sua filha traz ainda mais significado.”
Use e abuse da criatividade
“Os jogos eletrônicos em si não são ruins; o problema é o tempo que as crianças ficam paradas e os prejuízos que isso pode trazer”
Arthur Mamed, psicólogo
Também servidor da SEE, o psicólogo Arthur Mamed, membro do Conselho Regional de Psicologia (CRP-DF), conhece bem os desafios de entreter crianças durante a pandemia. Em sua casa, são quatro: Sofia e Dante, seus filhos, e os enteados Ravi e Helena. Ele explica que a capacidade adaptativa das crianças é um elemento importante na hora de desenvolver atividades para distrair e tornar o isolamento social mais leve.
“Os pais podem aproveitar esse momento para estar mais próximos, organizar as brincadeiras e também a rotina dos pequenos”, aponta. Um dos pontos mais importantes que ele sinaliza é o controle do tempo que os filhos podem passar com videogames, smartphones, tablets e computadores. “Os jogos eletrônicos em si não são ruins; o problema é o tempo que as crianças ficam paradas e os prejuízos que isso pode trazer”, diz. “Nesse caso, é necessária uma postura mais disciplinadora dos pais, incluindo tempos restritos para isso”.
Inspirado nos videogames, o psicólogo traz uma dica importante para pais e responsáveis: “Podemos ‘gamificar’ a vida cotidiana, torná-la estimulante. Não é a exposição à tela que vicia, mas os estímulos que os videogames trazem. Então, mediadas por um adulto na vida real, com histórias e imaginação, várias atividades podem se tornar interessantes para as crianças”.
Eixos para seguir
“Essa pode ser uma oportunidade para os pais resgatarem o contato com as crianças por meio de brincadeiras da infância deles”
Isabela Cordeiro Léda, psicóloga
Três eixos permeiam as recomendações da psicóloga educacional da SEE Isabela Cordeiro Léda sobre o que pais e responsáveis podem fazer durante o feriado prolongado com os filhos em casa. O primeiro, Corpo e movimento, estimula atividades dinâmicas. “A montagem de circuitos, com materiais que tenham em casa, ajuda as crianças a se movimentarem, e pode ser acompanhada de música”, indica. “É interessante começar num ritmo tranquilo, aumentar a intensidade e retomar a tranquilidade no final do exercício”.
O segundo eixo, Presença e natureza, propõe ações que despertem a exploração de sentidos. “Algo que faça as crianças perceberem o que estão sentindo, vendo, ouvindo; algo mais tranquilo, mais calmo, como brincar com plantas”, exemplifica.
Por último, o eixo Eu com o outro traz a interação de pai com os filhos de um jeito diferente. “Essa pode ser uma oportunidade para os pais resgatarem o contato com as crianças por meio de brincadeiras da infância deles”, sugere a psicóloga.
Fonte: Agência Brasília