

O empresário Roberto Justus, de 66 anos, incentivou que brasileiros façam viagens aos EUA para se vacinar contra a covid-19. Apesar do milionário ser considerado do grupo de risco pela idade, ele levou sua esposa, a catarinense Ana Paula Siebert, para a Flórida, onde ela se vacinou aos 33 anos de idade.
Em entrevista à coluna da Mônica Bérgamo, na Folha, Justus parece ter se esquecido de que a maior parte dos brasileiros não podem pagar passagens para Miami, onde as vacinas estão sendo dadas aos turistas que apresentarem passaporte.
“Agora que abriu (a vacinação nos EUA para turistas), os brasileiros que puderem tomar, tomem. Porque é mais vacina sobrando para o povo aqui (do Brasil). Quanto mais vacina os brasileiros tomarem nos EUA, melhor para o nosso país”, disse Justus. De fato, caso você tenha a oportunidade, vá para os EUA se vacinar. Há vacinas sobrando nos Estados Unidos – o país represou mais de um bilhão de doses de vacinas, quantidade suficiente para imunizar 500 milhões de pessoas, o dobro da população que pode ser vacinada nos EUA, – e elas deveriam de fato estar sendo destinadas a outros povos do mundo.
“Eles (os Estados Unidos) têm vacina sobrando, em abundância. Em Nova York querem fazer quiosques (para turistas). Querem ajudar o maior número de pessoas possível”, completou o empresário. Em tese, não há, de fato, problema em se vacinar com as doses estadunidenses. O calendário brasileiro de vacinação não será alterado porque alguns poucos turistas ricos foram brincar de imunização em outro país. Mas a atitude de Justus e de sua esposa (essa que celebrou a imunização nas redes sociais) é de péssimo tom.
No ano passado, o milionário havia diminuído a doença, se posicionando contra as restrições e circulação: “O vírus não vai matar ninguém, vai matar velhinho e gente já doente, não tem uma morte no mundo das 12 mil que a pessoa já não tenha um problema recorrente do passado, todos foram velhinhos, ou mais jovens com problemas pulmonares ou são diabéticos ou tem outras doenças. Na pessoa saudável, zero, e os pobres não são todos doentes. Na favela não vai acontecer porra nenhuma se entrar o vírus, pelo contrário. Criança então, de zero a dez nenhum caso. Isso não é grave, grave vai ser a recessão global como nunca vista na história, nem no crash de 29. Um milhão de mortos no Brasil é uma das piores de mais mau gosto que eu já vi na minha vida”, afirmou Justus, à época. – Covid: site calcula quando você será vacinado; resultados não animam Com quase 3,5 milhões de mortes ao redor de todo o mundo e mais de 400 mil somente no Brasil, a pandemia não é brincadeira. E as falas negacionistas de Justus não serão esquecidas. Que bom que ele e sua esposa foram vacinados porque puderam ir à Flórida, né? Pensamos nos outros 400 mil brasileiros que não puderam e nunca mais poderão.
Fonte: Hypeness