Uma análise detalhada sobre a qualidade do leite materno de mulheres dos Estados Unidos, feita por cientistas da Universidade de Washington, detectou a presença de PFAS – uma substância química tóxica – em níveis quase 2 mil vezes maiores do que o considerado seguro por defensores da saúde pública. O trabalho foi publicado nesta quinta-feira (13/5) no jornal científico Environmental Science and Technology.
Em entrevista ao jornal The Guardian, os autores afirmaram que as descobertas “são motivo de preocupação” e representam uma ameaça importante à saúde de recém-nascidos. Os PFAS, ou substâncias per e polifluoroalquilo, são conhecidos como “substâncias químicas eternas” porque não se decompõem naturalmente e se acumulam no corpo humano.
Eles são uma classe entre os 9 mil compostos usados na produção de embalagens de alimentos, roupas e carpetes resistentes à água e manchas. Estão associadas à incidência de câncer, doenças no fígado e na tireoide, defeitos congênitos e na redução da contagem de espermatozoides.
Os cientistas encontraram os PFAS em todas as 50 amostras de leite das mulheres americanas analisadas, em níveis que variaram de 50 partes por trilhão (ppt) a mais de 1.850 ppt. Apesar de não haver um consenso sobre o padrão considerado seguro, a organização de defesa da saúde pública Environmental Working Group estabelece como aceitável para a água potável a presença de 1 ppt. A Agência Federal de Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, por sua vez, aceita até 14 ppt na água potável destinada às crianças.
Ainda não há uma análise completa de como os PFAS afetam os recém-nascidos. Segundo Erika Schreder, coautora e diretora científica do grupo Toxic-Free Future, de Seattle, estudos com crianças mais velhas e adultos associaram os produtos químicos a distúrbios hormonais e a problemas no sistema imunológico, o que pode ser um problema ainda maior ainda para os bebês já que o leite materno constitui suas defesas.
“O estudo mostra que a contaminação do leite materno por PFAS é provavelmente universal nos EUA e que esses produtos químicos prejudiciais estão contaminando o que deveria ser o alimento perfeito da natureza”, afirmou Schreder ao The Guardian.
Os cientistas recomendam algumas medidas que as mulheres grávidas e mães podem tomar para se protegerem:
Evitar embalagens de alimentos à prova de gordura;
Evitar usar produtos que prometem proteger manchas de estofados;
Evitar usar roupas impermeáveis que usam PFAS;
Evitar produtos de cozinha com propriedades antiaderentes, mesmo que os fabricantes não divulguem o uso de produtos químicos.
Fonte: Metrópoles