O “Homem de Tollund” é como é conhecido um dos mais bem preservados corpos mumificados já encontrados, de um homem morto no século IV a.C. – e a conservação é tamanha que conseguiram determinar até mesmo qual foi sua última refeição.Descoberto na Dinamarca em 1950, o homem foi enforcado, provavelmente como parte de uma cerimônia de sacrifício, e antes do ritual se alimentou com peixe e um mingau de grãos e sementes diversas, conforme revelou o estudo “The last meal of Tollund Man: new analyses of his gut content” (A última refeição do Homem de Tolliund: novas análises do conteúdo de suas vísceras”, em tradução livre), publicado na revista Antiquity.O estado de conservação da múmia se deve ao fato de o corpo ter sido encontrado em um pântano e, portanto, coberto de musgos e sem oxigênio afetando o cadáver – a corda de couro ao redor do pescoço determinou a causa da morte dessa “múmia do pântano”, como são conhecidos os corpos preservados em tais condições. Desde a de scoberta do “Homem de Tollund” há mais de 70 anos que se concluiu, a partir de estudos de restos em seu intestino, que o homem se alimentou entre 12 a 24 horas antes de seu assassinato, e novas tecnologias ajudaram a realizar o novo estudo, determinando o conteúdo dessa última refeição.O trabalho foi liderado pela cientistas Nina Nielsen, chefe de investigação do Museu Silkeborg, da Dinamarca, onde se encontra o “Homem de Tollund” – e determinou que, além do peixe, os ingredientes do prato eram cevada, a planta Persicaria lapathifolia, linhaça, trigo sarraceno, linhaça falsa, as plantas Chenopodium album e Spergula arvensis, cânhamo-urtiga e ainda violeta-dos-campos. Segundo o estudo, essa era uma refeição comum na região, especialmente entre prisioneiros, e apesar de sugerir uma alimentação saudável, o estudo também revela que o homem não se encontrava sadio, e seu intestino estava tomado por parasitas.Fragmentos microscópicos de papas carbonizadas sugerem que o preparo do alimento se deu em uma panela de barro, e o processo queimou ligeiramente a comida. “Ficamos com uma ideia geral sobre a sua dieta, mas este estudo consegue realmente dizer o que ele comeu no dia em que morreu”, afirmou Nielsen. “É isto que o torna realmente interessante – chegamos muito perto de como tudo aconteceu”, comentou. As análises trabalharam com microfósseis de plantas e pólens, bem como evidências microscópicas de comida e bebida encontradas no intestino.Outras múmias de pântano já foram encontradas em diversos países europeus – sendo os mais famosos, além do “Homem de Tollund”, a “Mulher de Elling”, descoberta em 1938 também na Dinamarca e morta em cerca de 280 a.C., e o “Homem de Lindow”, encontrado em 1984, porém morto no século II a.C. Os conhecimentos limitados de preservação da época em que foi descoberto, o corpo do “Homem de Tollund” se deteriorou, e hoje somente a cabeça resiste, ainda com a feição, expressão e marcas faciais perfeitamente visíveis no rosto do homem. Uma réplica foi construída em 1987 e é mantida em exibição no museu dinamarquês.Fonte: Hypeness