O presidente da República Jair Bolsonaro está em cruzada contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e contra a democracia brasileira. O mandatário, que desde eleito flerta como golpismo, luta para acabar com a crebilidade das urnas eletrônicas, sistema de eleição utilizado no Brasil desde o ano de 2000.
O Chefe de Estado e sua trupe de apoiadores defende que existam fraudes ’em massa’ nas urnas eletrônicas brasileiras. Bolsonaro, porém, não consegue reunir provas das supostas fraudes, mas a narrativa de que o voto deve ser ‘auditável’ circula entre clubes militares, igrejas evangélicas aliadas ao governo e no Palácio do Planalto. A inconsistência técnica e histórica da cruzada contra o voto eletrônico é um claro ataque à democracia. E vamos te explicar o porquê.
Sistema da urna eletrônica já é auditável, seguro e nunca teve problemas. Não existem provas ou sequer indícios de fraudes eleitorais.
Fraudes no Brasil do voto impresso
– A expansão do neonazismo no Brasil e como ele afeta as minorias As eleições de 1988, na cidade do Rio de Janeiro, servem para entender porque o país abandonou o voto em papel e entrou na era da urna eletrônica. Foi nesse pleito que Jair Bolsonaro, do hoje extinto PDC, ganhou seu primeiro cargo. Foram 12 dias levados para fazer a contagem de votos dos deputados eleitos. Demora não é o problema, desde que os resultados sejam precisos, certo? Pois é, naquele ano, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) anulou o pleito porque mais de 40% das urnas passaram por alterações. Era normal que políticos comprassem votos direto na mesa para tentar entrar na divisão de cadeiras do parlamento.
“Havia muitos esquemas circulando nas mesas de apuração, era uma coisa generalizada, à exceção dos puxadores de votos (os candidatos mais badalados dos partidos). Mas, na turma que ficava do meio para trás, muitos usavam o esquema de comprar votos da mesa apuradora”, explica Alcir Molina, procurador eleitoral daquela eleição no Rio de Janeiro. Em 1994, seis anos depois, o TRE registrou que 90% das urnas da 25ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro foram fraudadas.
Eleições de 1933 foram as primeiras com regulação do TRE, mas foi somente com a instauração a nível nacional das urnas eletrônicas que país superou as fraudes nas urnas
Brasil da urna eletrônica
As urnas eletrônicas foram implantadas para impedir que o processo de contagem seja atrapalhado por milícias, por compra de votos ou outros processos. Além disso, ela barateia os custos eleitorais e acelera os resultados. Mas a pergunta é: como existiria uma fraude eleitoral em massa? Resumidamente, é impossível. As urnas não operam em uma rede conectada: cada urna funciona sozinha. No fim do dia eleitoral, os resultados são enviados para o TSE. O canhoto dos votos é disponibilizado na sessão por semanas para consulta.
Para que existisse uma fraude em massa nas eleições – como a clamada (sem provas) por Bolsonaro – seria necessário o trabalho de milhares de hackers sabotando individualmente cada urna eletrônica em meio à presença de eleitores e fiscais. É praticamente impossível. O voto eletrônico já é auditável e, durante todos esses anos, nunca nenhuma fraude foi descoberta. Deu pra entender? “O voto impresso não é um mecanismo adequado de auditoria a se somar aos já existentes por ser menos seguro do que o voto eletrônico, em razão dos riscos decorrentes da manipulação humana e da quebra de sigilo. A contagem pública manual de cerca de 150 milhões de votos significará a volta ao tempo das mesas apuradoras, cenário das fraudes generalizadas que marcaram a história do Brasil”, disse em nota o presidente do TSE Luiz Roberto Barroso na segunda-feira (2). “Desde 1996, quando da implantação do sistema de votação eletrônica, jamais se documentou qualquer episódio de fraude nas eleições. Nesse período, o TSE já foi presidido por 15 ministros do Supremo Tribunal Federal. Ao longo dos seus 25 anos de existência, a urna eletrônica passou por sucessivos processos de modernização e aprimoramento, contando com diversas camadas de segurança”, afirma o colégio do TSE, também em nota.
Fonte: Hypeness