Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio abriu inquérito para apurar a troca dos corpos das idosas Josefa Figueira da Silva, 69 anos, e Gecélia Barbosa, de 89 anos. Cumprindo os protocolos sanitários para a liberação de corpos de pacientes mortos por Covid-19, os familiares de Gecélia fizeram o reconhecimento incorreto do corpo e o cremou. A Secretaria Municipal de Saúde abriu uma sindicância para apurar o que aconteceu.
Para os parentes de Josefa, o erro na liberação dos corpos e as falas nos reconhecimentos são motivo de ódio, desespero e de desrespeito. Ao G1, Ana Paula Figueira, a filha da idosa, afirma que a mãe tinha pavor de fogo e manifestava que não gostaria de ser cremada.
“Ela falava que uma queimadura pequena já doía muito, imagina pegar fogo no corpo todo. Apesar de ser da igreja, que fala muito ‘do pó eu vim, ao pó eu voltarei’, minha mãe sempre falava que não queria virar pó no fogo”, desabafa.
Ana Paula registrou ocorrência na 39ª DP (Pavuna) e pede rigor na investigação e na punição dos culpados, uma vez que, agora, ela não poderá se despedir da mãe como gostaria. “Estou com muito ódio. Só sei sentir ódio e muita mágoa pelo que fizeram com a minha mãe. Já não basta a dor de perder, ainda me dão essa notícia”, completa.
Josefa e Gecélia estavam internadas no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na zona norte do Rio, unidade dedicada exclusivamente ao tratamento de pessoas com Covid-19. Por conta do alto risco de contaminação, o saco mortuário, onde ficam armazenados os corpos, só podem ser abertos até certa altura e por pouco tempo, o que, segundo a família de Gecélia, foi o complicador para reconhecer corretamente o corpo.
Jorgina Barbosa, filha de Gecélia, lamenta o equívoco e diz que, para ela, o corpo reconhecido era o da mãe dela. “Parecia muito. Mas veio a notícia de que era o corpo errado. Estou pensando nesta outra família, estou tomando remédios, calmantes”, diz. Ao constatar a troca, o hospital entrou em contato com a família de Gecélia, mas o corpo de Josefa já havia sido cremado.
O corpo de Gecélia segue no necrotério do hospital e será liberado para que sua família providencie o funeral. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que a direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG) lamenta profundamente o ocorrido e informa que está prestando toda assistência às duas famílias, incluindo apoio psicológico.
Fonte: Metrópoles