“Na vida, o que ajuda a gente em tudo é o equilíbrio – mas ele não é fácil de ser alcançado.” A ponderação é do médico Gilmar Ferreira do Espírito Santo, cirurgião oncológico há 30 anos, professor universitário, doutor em medicina e um dos fundadores da Oncomed, em Cuiabá (MT).
No que se refere ao câncer do aparelho digestivo e o papel da alimentação equilibrada como forma de prevenção, ele defende que não se trata de cortar alimentos. “O mais importante é ingerirmos proteínas animais, legumes, frutas, verduras e grãos, sem exageros. Isso auxilia o funcionamento do aparelho digestivo e ajuda a evitar uma série de doenças, dentre as quais o câncer.”
No Brasil, o câncer colorretal e o de estômago são os dois tipos mais frequentes entre os cânceres de aparelho digestivo. Conforme as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), eles devem atingir, este ano, números superiores a 41 mil e 21 mil novos casos, respectivamente. Em comum, ambos têm nos hábitos saudáveis um aliado na prevenção, bem como no diagnóstico precoce um elemento importante para o tratamento e a cura.
Câncer colorretal
É o mais comum, acomete ambos os sexos e atinge o intestino grosso (cólon e reto). Entre os principais fatores de risco estão o envelhecimento (o risco aumenta idade superior aos 45 anos), obesidade e alimentação não equilibrada (com grande quantidade de comidas processadas, carne e gorduras saturadas). Histórico familiar de câncer de intestino, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa e Crohn, por exemplo) também são considerados fatores que favorecem a incidência de tumores colorretais.
“Este tipo de câncer costuma dar alguns sinais e precisamos estar atentos. Sangue nas fezes, mudança no hábito intestinal (constipação ou diarreia persistentes), anemia e desconforto abdominal devem ser adequadamente ‘investigados’. Quanto antes procurar o médico, melhor”, orienta o cirurgião oncológico, lembrando que, nem sempre, será necessária uma cirurgia nos casos iniciais.
“A colonoscopia, é o exame mais importante no diagnóstico das doenças do intestino e é extremamente útil também no tratamento. Em havendo pólipos (pequenos caroços), durante o exame o próprio médico pode fazer a retirada de imediato, impedindo a evolução para o câncer.”
Câncer de Estômago
Mais predominante entre homens, tem no tabagismo, no consumo excessivo de sal, alimentos em conserva, bebidas alcoólicas, obesidade e sedentarismo relevantes fatores de risco. A bactéria H. pylori também tem importância na origem desse tumor, devendo ser tratada de acordo com a orientação médica.
O câncer de estômago não possui sintomas específicos, motivo pelo qual, muitas vezes, é confundido pelo paciente com desconfortos comuns, como azia, plenitude (“empachamento”) e náuseas.
“Necessário lembrar que não é normal desconfortos como a azia, dor no estômago e falta de apetite, por exemplo, durarem dias seguidos. Se isso acontecer, é hora de procurar ajuda médica”, observa o cirurgião oncológico.
Tratamentos
Tanto nos casos de câncer colorretal quanto nos de estômago, o tratamento principal é a cirurgia, podendo ser associados a quimioterapia e a radioterapia, de acordo com as características de cada paciente, o tipo de tumor e o estágio da doença. O diagnóstico precoce, feito por meio de exames de imagem e biópsias, colabora com a maior chance de cura e o menor índice de sequelas.
“Em resumo: podemos prevenir, podemos fazer diagnóstico e tratamento precoce com total chance de cura. Basta nos ajudarmos com hábitos de vida saudáveis e cuidados com a saúde”, ressalta o oncologista.
Fonte: O Livre