

A cuidadora de idosos Cristiane Bueno Santanna, 43 anos, relata ter sido humilhada ao procurar emprego em uma casa de repousoArquivo pessoal
São Paulo – A cuidadora humilhada ao pedir um emprego, Cristiane Bueno Santanna, de 43 anos, enfrenta dificuldades financeiras desde o início da pandemia, quando o marido ficou sem trabalho. Mãe de uma menina de 15 anos, ela então passou a sustentar sozinha a família, mas acabou desempregada em agosto. Em busca de um trabalho para colocar as contas em dia, a profissional se sentiu humilhada por uma atendente do Lar Santa Rosália, em Sorocaba, interior de São Paulo.A cuidadora de idosos entrou em contato com a casa de repouso após indicação de uma amiga, enviou seu currículo pelo WhatsApp e se colocou à disposição caso houvesse uma vaga de emprego. No entanto, foi surpreendida com respostas repreendendo sua iniciativa e corrigindo sua ortografia.“Eu fiquei triste e magoada, nenhum ser humano deve ser tratado desse jeito. Eu não estava pedindo dinheiro, pedi um emprego”, disse.Cristiane contou que foi bloqueada após a troca de mensagens com o lar de idoso. “Mesmo eu estando em uma situação ruim, sem dinheiro, sem emprego, eu não tenho culpa disso”, afirmou a cuidadora de idosos.Acostumada com respostas negativas, a cuidadora de idosos não se conforma com a maneira como foi tratada. “Eu mandei para tanto lugar, tanta casa de repouso, era tão fácil eles me responderem “Bom dia! Infelizmente, agora não tem vagas, mas tiver a gente te manda uma mensagem”. Não precisava ter dado risada da minha cara”, disse a mulher.Ao Metrópoles, o Lar Santa Rosália informou que não tinha conhecimento da situação, mas que não “compactua com esse tipo de conduta”. Segundo a casa de repouso, nenhum dos funcionários “foi emissor das mensagens”.“Continuaremos as investigações internas e, caso algum prestador de serviços tenha realizado a conduta em nome da empresa, adotaremos as medidas corretivas necessárias”, afirmou o lar em nota.A reportagem questionou se o Lar Santa Rosália já havia verificado se as mensagens partiram ou não do WhatsApp usado comercialmente. A empresa respondeu: “no momento ainda está em processo de averiguação”.Dificuldades financeiras
Desde que o marido, Carlos Eduardo Santanna, de 48 anos e profissional da área de eventos, perdeu o emprego, Cristiane está sustentando seu lar sozinha desde o início da pandemia com o salário e uma cesta básica, que ganhava no seu emprego de cuidadora de idosos. No entanto, em agosto de 2020, quando a senhora que cuidava morreu, a mulher de 43 anos ficou desempregada.A família já vinha acumulando contas atrasadas e a situação piorou. Inclusive, a dívida que tinham em um mercado perto de sua casa em Sorocaba, no interior de São Paulo, chegou a R$ 12 mil. “Durante a pandemia, esses dois anos, eu fiz essa dívida no mercadinho para pegar leite, pão, uma mistura”, contou a cuidadora de idosos.“O dono do mercado era nosso amigo de muito tempo, ele sabia o problema que nós estávamos passando, ele sabia luta que estávamos aqui em casa”, disse a mulher se referindo ao comerciante que morreu vítima de covid-19 em julho.A família também teve gastos inesperados nesse período com medicamentos e um exame que demoraria muito para ser feito na rede pública. Desempregado desde março de 2020, o marido de Cristiane, que já tinha pressão alta, teve um agravamento do problema de saúde, ficou internado e descobriu que está com diabetes.Esperança
Após a repercussão do relato de humilhação, o perfil Só Notícia Boa criou uma vaquinha online para ajudar Cristiane a pagar a dívida do mercado e manter o sustento da família nos próximos meses até conseguir um emprego.Fonte: Metrópoles