Com a pandemia, a teledramaturgia da TV Globo precisou ser interrompida para evitar da proliferação do novo coronavírus entre a equipe da emissora. Diversas tramas precisaram ser reprisadas para ocupar o horário nobre. Programada para entrar no lugar de “Amor de Mãe”, a história de Lícia Manzo, intitulada de “Um lugar ao Sol”, estreou na última segunda-feira (8), após quase três anos do início das gravações.Em entrevista ao jornalista Leo Dias, o ator e protagonista do folhetim, Cauã Reymond, revelou que, pela demora da estreia, alguns atores podem mudar de aparência. “Eu acho que vão ter uns erros de continuidade”, disse ele, aos risos. “Não só meus, mas acho que de todo mundo em três anos. Não mudamos o cabelo, óbvio. Mas algumas pessoas emagreceram, mas quando estamos apaixonados pela trama, não percebemos algumas mudanças. Espero que isso passe batido, mas tem chances de acontecer sim”.Leo Dias comentou que cometeria “loucuras” caso “trocasse” de pele com alguém em nível social elevado sendo um homem pobre. Cauã então respondeu: “Talvez perdoaria o Christian. Eu acho interessante porque o texto da Lícia propõe uma ambiguidade e uma dualidade no olhar. Então, acho que tem gente que vai concordar com o que está acontecendo e pode parecer uma loucura, como você mesmo colocou e tem gente que vai repudiar”, disse ele.“Eu acho que vai dividir opiniões. O personagem é um anti-herói e ela propõe através da história muitas situações extremamente delicadas. Ela fala sobre elitismo, racismo, feminismo. Mas não só com o meu personagem. Terão histórias maravilhosas como a da Andrea Beltrão, Gabriel Leone, Denise Fraga, Marcos Ricca e uma galera que vai chegar com peso total”, acrescentou Cauã.Sem revelar detalhes, o galã comentou sobre o personagem Christian, o irmão pobre que ocupou o lugar de Renato, o irmão rico. Sobre os dois primeiros capítulos, ele disse: “Ele é um cara que não teve oportunidades. Era um cara estudioso e que queria vencer. Ele era comprometido e dedicado, mas a sorte não batia na porta dele. E de repente, existe essa oportunidade de viver um sonho”.“É muito interessante porque a Licia convida a gente para ao longo da trama para dizer se esse sonho vai valer a pena ou não. Eu deixo isso para o espectador que vai falar: ‘Valeu a pena e outra que vão dizer que não’. Eu, inclusive, fico muito curioso para entender como vai ser a recepção ética do trabalho”, ponderou. Na entrevista, Leo entrou na questão do preconceito no Brasil e disse que pessoas são julgadas pela aparência e forma de vestimenta.Cauã Reymond completou: “E sobre onde moram também. Isso é muito comum. Eu tenho um grande amigo meu, que é professor de boxe, e ele me deu uma aula maravilhosa sobre elitismo. Entendi muitas coisas que eu achava que entendia e estou sempre aprendendo. Foi interessante porque ele falou: ‘Nossa, foi muito legal isso tudo o que você está aprendendo. Mas deixa eu te falar sobre elitismo’. Acho que a trama de Lícia pressiona o dedo dentro dessa ferida brasileira”, pontuou o ator.Ele ainda tem dúvidas sobre a ferida ser apenas do Brasil. “Eu não sei se é uma ferida brasileira. Eu falo porque sou brasileiro. Mas muitas vezes que viajei para os Estados Unidos, as pessoas sempre perguntam em que hotel você está hospedado e em qual bairro você estar e qual carro você alugou. A autora é muito inteligente nisso. Por isso essa tensão em apenas dois capítulos”, ressaltou Cauã.Fonte: Em off