

O Reino Unido foi palco de um caso de intolerância contra uma mulher católica. Mary Onuoha foi forçada a deixar seu emprego, no qual estava há 19 anos, por utilizar em seu pescoço um colar com um crucifixo. As informações são da ACI Digital.
Ela trabalhava como enfermeira no Hospital Universitário de Croydon, no sul de Londres, e foi discriminada e assediada por seus próprios empregadores. O Tribunal da Justiça do Trabalho do Reino Unido decidiu a favor de Onuoha.
A enfermeira católica
Segundo a ACI Digital, Mary Onuoha nasceu na Nigéria e mudou-se para o Reino Unido em 1988. Tendo 61 anos, disse que a cruz foi um presente de seu batismo, ocorrido há mais de 40 anos.
“Toda vez que olho para ele [o crucifixo], penso em Jesus, seu amor, o quanto me amou e a necessidade de que eu também O ame”, disse Onuoha. “É parte de mim e da minha fé e nunca prejudicou ninguém”.
De acordo com a enfermeira, o caso foi um ataque a sua fé católica, considerada o fator mais importante de sua vida. “Sou uma mulher forte, mas fui tratada como uma criminosa”, revelou. “Eu amo meu trabalho, mas não estou disposta a comprometer a minha fé. Outros funcionários cristãos do Serviço Nacional de Saúde deste país também não deveriam fazê-lo”.
O caso Mary Onuoha
Employment Tribunals, tribunal independente do Reino Unido que decide sobre leis trabalhistas e discriminação no local de trabalho, informou que o tratamento dado a Mary Onuoha era “diretamente discriminatório”. Segundo eles, houve uma “demissão construída”.
Onuoha foi forçada a deixar seu emprego em junho de 2020 depois de adoecer por estresse devido a recorrentes casos de discriminação e assédio no hospital. Trabalhando na área de operações e cirurgias do Serviço Nacional de Saúde no Hospital Universitário de Croydon, recebia constantemente instruções para tirar ou cobrir a cruz. Sofria, também, ameaças de demissão e de realocação para área administrativa.
A ACI Digital conta que, numa ocasião, um gerente interrompeu a cirurgia de um paciente – este sob anestesia geral – para forçar Onuoha a remover o colar. Ela estava participando do procedimento cirúrgico.
A decisão
Segundo o Tribunal, a interrupção foi “arrogante”, pois “o assunto foi tratado como se fosse uma emergência” e “de qualquer ponto de vista não era”. Isso criou “um ambiente ofensivo, hostil e intimidador”.
O departamento jurídico de Christian Concern, organização jurídica sem fins lucrativos defensora de cristãos perseguidos, elogiou o veredito como uma “decisão histórica” que fortalece o princípio legal de que empregadores não podem discriminar funcionários por manifestações discretas de fé no local de trabalho.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido tentou argumentar, em 2021, dizendo que o colar com a cruz apresentava risco de infecção. O Tribunal, porém, concluiu que esse risco era “muito baixo” e que “não havia explicação convincente”, pois, de acordo com o código de vestimenta e a política de uniformes do hospital, eram permitidas vestimentas religiosas para cobrir a cabeça, como ‘hijabs’ e turbantes. Sendo assim, “um colar fino com um pequeno pingente de significado religioso devocional” deveria ser permitido.
“Foi chocante que uma enfermeira experiente, durante uma pandemia, tenha sido forçada a escolher entre sua fé e a profissão que ama”, disse Andrea Williams, diretora executiva do Christian Legal Center, organização de defesa jurídica da liberdade de religião. “Agora qualquer empregador terá que pensar com muito cuidado antes de restringir o uso de cruzes em local de trabalho”.
Perseguição a cristãos no Reino Unido
Vários casos de empregadores forçando seus funcionários a removerem ou cobrirem seus crucifixos foram reportados no Reino Unido. A ACI Digital relata que, Em 2013, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu a favor de Nadia Eweida, cristã copta a quem seu empregador, a British Airways, pediu que cobrisse sua cruz de ouro branco.
Também de acordo com essa fonte, naquele mesmo ano, o tribunal decidiu contra Shirley Chaplin, uma enfermeira a quem o Royal Devon and Exeter NHS Trust Hospital pediu para que não usasse mais o seu colar com uma cruz, a qual utilizava há cerca de 30 anos para trabalhar, por motivos de saúde e segurança.
Fonte: O Livre