Pressentimentos, intuição, reações no nosso corpo que não entendemos muito bem, mas que nos fazem tomar decisões que nem nós mesmos imaginamos. Todas esses eventos são facilmente desconsiderados pelo ceticismo nosso de cada dia. Ou quase. Na última quinta-feira, 6 de janeiro, houve o desabamento de parte de um edifício na região de Taguatinga, no Distrito Federal. Uma tragédia que deixou 24 famílias desabrigadas, mas que poderia ter sido muito pior, não fosse a intuição e persistência de uma mulher.
Neide Lira, de 50 anos, foi a responsável por evitar que várias vidas fossem perdidas. Há tempos ela já notava as más condições do prédio em que ela e seu marido possuíam uma oficina no primeiro pavimento. Segundo ela, edifício “já apresentava defeito” e, por conta disso, o casal já havia acionado o proprietário que chegou a comentar com eles que era um problema de “massa podre”. No entanto, a nota divulgada pela assessoria do proprietário diz que a estrutura passava por “manutenções periódicas”.
Aperto no peito
Neide contou ao G1 que na quarta-feira, dia 5, ela estava sentindo dores causadas por pedras nos rins e não foi trabalhar. Na quinta, mesmo ainda não se sentindo totalmente bem, resolveu ir para a oficina, mas chegando no local sentiu “um aperto no coração, como se fosse um aviso”, diz.
Obviamente que os sinais ajudaram bastante. Ao chegar no trabalho naquela quinta-feira, um pedaço de reboco caiu ao seu lado, o que Neide considerou um sinal. No mesmo instante saiu da oficina e resolveu ligar para a polícia. A PM orientou que ela entrasse em contato com o Corpo de Bombeiros, que por sua vez, a encaminhou para a Defesa Civil. Lá, os funcionários pediram que Neide enviasse um e-mail com fotos e vídeos do local. Ela anotou as orientações, mas sua intuição estava dizendo que a situação era mais urgente e que não daria para esperar. Até seu marido, o comerciante Rabib Baragchum, de 64 anos, não acreditou no pressentimento de Neide. “Eu disse que ela estava ficando doida, até mandei ela pegar um Uber e ir para casa”, comenta.
Mesmo assim, Neide não se deu por vencida. Voltou a telefonar para o Corpo de Bombeiros, solicitando que eles fossem até o local para, pelo menos, realizarem uma avaliação. “Liguei desesperada para o Corpo de Bombeiros, disse que estava agoniada e pedi para eles não deixarem eu morrer lá com meu neto. Eles decidiram vir.” Apesar da demora, eles chegaram. Quando Neide, que já não estava mais no prédio (decidiu sair do edifício e aguardar do outro lado da rua), viu o carro dos bombeiros, se aproximou e eles imediatamente disseram que precisariam interditar o local, pois realmente havia risco de desabamento. “Não deu tempo de pegar quase nada na oficina”, afirma.
Por um fio
Ainda “meio anestesiada”, a comerciante Se sente aliviada e agradece a Deus por não ter desistido e ter conseguido trazer os bombeiros para salvar os moradores. “Quando o prédio caiu, meu sentimento era de gratidão por não estar lá dentro”, comenta. Neide e seu marido lamentam os prejuízos, mas se dizem felizes por ninguém ter ficado ferido.
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Fonte: Hypeness