Realizado por cientistas da Universidade de Montreal, no Canadá, um novo estudo sugere que os impactos do uso da maconha sobre a memória e as capacidades cognitivas podem causar prejuízos mesmo passado o período inicial de intoxicação.O trabalho foi publicado no periódico científico Addiction, realizado em processo de revisão sistêmica, que avalia em alta rigor os resultados e métodos de pesquisas anteriores, em busca de resultados diversos e abrangentes. Ao todo, o estudo se desdobra sobre avaliações de mais de 43 mil participantes, e se refere ao uso da maconha enquanto droga recreativa em seus formatos mais comuns de consumo, sem incluir qualquer uso de medicamentos a partir da planta, nem de outros derivados.O trabalho avaliou o impacto do uso continuado de maconha sobre algumas das principais funções cognitivas de execução, como memória, aprendizado, atenção, velocidade de processamento, uso de língua, função motora perceptiva, e mais: de acordo com a pesquisa, os prejuízos mais agudos apontados imediatamente após a intoxicação também apresentam efeitos persistentes. “Nosso estudo nos permitiu destacar diversas áreas da cognição prejudicadas pelo uso da maconha, incluindo problemas de concentração e dificuldades de memória e aprendizado, que podem gerar impactos consideráveis no dia a dia dos usuários”, afirmou o cientista Alexandre Dumais, coautor e líder do estudo.Os maiores efeitos persistentes notados foram sobre o aprendizado verbal e a memória, em prejuízo consistente mesmo passado os momentos do uso. Em atividades ligadas às funções motoras simples, à tomada de decisões e à memória de trabalho, que envolve a utilização de informações durante tarefas, o impacto foi considerado pequeno e moderado, e sobre a flexibilidade cognitiva e velocidade de processamento de estímulos, as consequências foram avaliadas como pequenas.O estudo não encontrou qualquer impacto significativo e persistente do uso da maconha sobre a linguagem.“O uso da maconha por jovens pode, consequentemente, levar a uma menor retenção educacional, e, em adultos, a resultados ruins no trabalho e perigos ao dirigir. Essas consequências podem ser piores em usuários regulares e intensivos”, afirmou Dumais, lembrando que o estudo confirma um prejuízo mais significativo sobre jovens e adolescentes, cujo cérebro se encontra em processo de desenvolvimento. A pesquisa sugere diferenças na intensidade do impacto, relacionadas à frequência do uso, e não afirma, no entanto, que tais prejuízos sejam permanentes, indicando que períodos de abstinência podem reduzir ou mesmo anular os efeitos na maioria dos casos.Fonte: Hypeness