Uma entrevista feita pela repórter da Globo Adriana Oliveira com a ex-doméstica Madalena Silva, vítima de trabalho análogo à escravidão, emocionou o público nesta quinta-feira (28). Isso porque a idosa teve receio de pegar na mão da contratada da TV Bahia, afiliada à emissora líder de audiência no estado, após sofrer por cinco décadas com ataques racistas no local de trabalho.A matéria foi exibida no telejornal “Bahia Meio Dia” na tarde desta quarta-feira (27) e denunciou as condições análogas à escravidão em que muitas profissionais eram submetidas por anos. No caso de Madalena, foram 54 anos de agressões verbais e exploração. A entrevistada foi às lágrimas e revelou trauma com a situação que viveu até março deste ano. “Ela falou: ‘Sua nega desgraçada, vai embora”, relembrou ela quando foi agredida pela filha de seus ex-patrões.Após a revelação de Madalena, a repórter da Globo se aproximou e deu as mãos para a senhora, que se recusou. “Fico com receio de pegar na sua mão branca”, disse aos prantos. Intrigada, Adriana questionou: “Mas por quê? Tem medo de quê?”. A entrevistada então explicou o trauma provocado pela situação que viveu nos últimos anos. “Por que ver a sua mão branca… eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”.Visivelmente emocionada, a repórter da Globo falou: “Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”. Madalena insistiu: “Mas olha a sua [cor] e olha para a minha”.“Mas você é mulher, eu sou mulher, os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem que ter comigo, tem que ter com você”, explicou a jornalista. O desabafo da entrevistada emocionou o público e viralizou nas redes sociais. Adriana Oliveira desabafou sobre a violência sofrida por Madalena ao longo de 54 anos.“Ainda tô impactada com o encontro com Dona Madalena. Ela foi vítima de uma violência brutal por 54 dos 62 anos de vida. E dentro de uma casa “de família” foi submetida à condições análoga à escravidão. Ela foi resgatada, em março, por auditores do Ministério do Trabalho. Hoje vivi um dos momentos mais emocionantes nos 27 anos de profissão. Ainda tem muita luta”.“Estarrecedor. Inacreditável. Inaceitável. Violência brutal. Seria interminável a lista do que fizeram com Dona Madalena. A Bahia ocupa 2 lugar em número de empregadores que submeteram trabalhadores à situações análoga à escravidão. Me senti tão pequena, tão impotente diante da dor de Dona Madalena. Vontade de acolher e nunca mais ter notícia de monstruosidades assim!”, exclamou a repórter da Globo.Fonte: Em off