O youtuber Felipe Neto estreou em seu canal um novo quadro chamado ‘É babaca ou não é?’, cuja proposta é analisar situações vividas por outras pessoas e avaliar se a atitude dos envolvidos foi ou não “babaca”. Logo no início, Felipe explica a dinâmica do quadro e convida seus inscritos a compartilharem o conteúdo até que o vídeo atinja a marca de 1 milhão de visualizações. “Vamos ouvir algumas dessa histórias e chegar às conclusões se a pessoa é babaca ou não. Vai ser divertido”, explicou o youtuber.O primeiro caso conta a história de um jovem que trabalhava num hospital e teria acesso à informações sigilosas dos pacientes. Dessa forma, ele descobre que sua amiga está se relacionando com um portador do vírus HIV. Com a justificativa de “protegê-la”, decide compartilhar a informação com a amiga, quebrando assim o sigilo sorológico do paciente.Antes de opinar sobre o caso e em meio à risadas dos colegas, Felipe Neto admite não ter informações suficientes sobre o tema. “Toda a questão do HIV não é engraçada, é uma doença muito séria. Eu preciso de mais informações, confesso que me falta pesquisa. Mas até onde eu saiba, não interessa a ninguém qual doença a pessoa tem ou deixa de ter. O que ele fez foi criminoso, mas eu não sei o que eu faria no lugar dele”, opina Felipe.Outra participante do vídeo também expõe sua opinião: “Ético ele não foi, mas ele não foi babaca. Babaca foi o cara que está expondo a atual mulher dele ao HIV, sem avisar.”Mesmo diante da seriedade do tema, o assunto chega a ser tratado em tom de brincadeira por um outro rapaz da equipe do youtuber. “Ele não poderia mandar um bilhetinho secreto? ‘Que seu dia seja tão positivo quanto o HIV positivo”.A abordagem dada ao assunto no vídeo de Felipe Neto não agradou o ator Evandro Manchini, que foi diagnosticado em 2015 com o vírus e hoje busca levar informação e reflexões sobre a vivência com o HIV.Em um vídeo publicado em seu Instagram, Evandro condenou a forma como o assunto foi tratado para mais de 44 milhões de inscritos do canal do youtuber. “O que a gente vê é uma chuva de equívocos e desinformação. Eles se referem, todas as vezes, ao HIV como uma doença, e não como um vírus, que ele é. É dito que a atitude do amigo que quebrou o sigilo foi benevolente, pensando no próximo. Depois disso, e de várias outras coisas já terem sido ditas, alguém vem com uma informação: 94% das pessoas que fazem o tratamento não transmitem o vírus. Não! Todas as pessoas que têm carga viral indetectável não transmitem o vírus”, corrigiu.Evandro também apontou outras falhas na análise feita por Felipe e sua equipe, que em nenhum momento teriam levantado a hipótese do personagem da história ter a carga viral indetectável, isso é, quando o vírus não é transmitido pelo portador. “Inclusive, indetectável é uma palavra símbolo do tratamento do HIV hoje em dia e não foi citada em nenhuma vez em todo o vídeo. Falta pesquisa. Falta responsabilidade e a atitude de vocês foi sim preconceituosa. E pior, uma atitude que contribui para que estigmas em torno dessa questão, que são gigantes, fiquem ainda maiores. Eu, enquanto pessoa que vive com HIV, estou acostumado com esse tipo de desinformação, mas esse vídeo especificamente me deixou muito decepcionado. E para finalizar, eu me aproprio do nome do quadro de vocês e respondo: Foi bem babaca o que vocês fizeram.”, encerrou.Procurada pela coluna, a assessoria de Felipe Neto afirmou que o youtuber não irá comentar sobre o assunto.Fonte: Em off