Sabia que os hábitos alimentares podem influenciar a forma como você se sente? Uma alimentação saudável não interfere apenas no peso e no desenvolvimento de doenças, mas também gera benefícios à saúde mental.
“Muitas pessoas pensam em comida em termos de cintura, mas ela também afeta nossa saúde mental”, destaca a psiquiatra Uma Naidoo, da Universidade de Harvard e diretora de psiquiatria nutricional e de estilo de vida do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, ao jornal The New York Times.
Segundo a médica, uma das principais maneiras pelas quais o cérebro e o sistema digestivo estão conectados é através do nervo vago, um sistema de mensagens químicas de duas vias que explica porque o estresse pode desencadear sentimentos de ansiedade e frio no estômago.
Alimentos reconfortantes
É comum que as pessoas tentem modificar o estado de espírito comendo alimentos reconfortantes. O problema, segundo especialistas, é que, embora esses alimentos normalmente ofereçam uma combinação tentadora de gordura, açúcar, sal e carboidratos, eles podem ser prejudiciais à saúde.
A cientista Traci Mann, que dirige o laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota, realizou uma série de estudos para determinar se uma comida reconfortante realmente melhora o humor. Os participantes responderam à seguinte pergunta: “Quais alimentos fariam você se sentir melhor se estivesse de mau humor?”
Antes de cada teste, os voluntários assistiram a cenas de filmes conhecidas por provocar raiva, hostilidade, medo, ansiedade e tristeza. Após o filme, os espectadores preencheram um questionário de “humor negativo” para indicar como estavam se sentindo.
Em seguida, receberam uma grande porção de sua comida favorita; algo que gostavam, mas não consideravam reconfortante; um alimento “neutro” (uma barra de granola de aveia e mel); ou nenhuma comida. Todos tinham três minutos sozinhos para comer, ou ficar sentados em silêncio. Após o intervalo, eles preencheram novamente o questionário de humor. Os resultados mostraram que, independente do participante ter comido um prato reconfortante, qualquer comida ou nenhuma comida, o humor não variava.
Relação com a depressão
A depressão também parece estar ligada com hábitos alimentares. Um estudo realizado durante quatro anos com mais de 10 mil estudantes universitários na Espanha concluiu que as pessoas que seguiam estritamente uma dieta mediterrânea (baseada em frutas, vegetais, grãos integrais, leguminosas e sementes) tinham menor risco de depressão.
Outro estudo realizado por pesquisadores australianos mostrou que uma maior ingestão de frutas e vegetais levava à maior felicidade, satisfação com a vida e bem-estar. Essa constatação foi feita por meio da avaliação de diários alimentares de 12.385 adultos escolhidos aleatoriamente de uma pesquisa governamental em andamento.
De acordo com o psiquiatra Drew Ramsey, professor clínico assistente da Universidade Columbia, em Nova York, e autor do livro “Eat to Beat Depression and Anxiety” (comer para superar a depressão e ansiedade, em tradução livre), ainda há muito a descobrir sobre a ligação da alimentação com a saúde mental.
“Nossos cérebros evoluíram para comermos quase qualquer coisa para sobreviver, mas cada vez mais sabemos que há uma maneira de alimentá-lo para melhorar a saúde mental em geral”, afirma.
Veja quais alimentos geram bem-estar:
Verduras folhosas: couve, espinafre, rúcula, folhas de beterraba e acelga são algumas delas. Além de baratas e versáteis, são ótimas fontes de fibra, folatos e vitaminas C e A;
Frutas e legumes coloridos: estudos sugerem que os compostos em frutas e vegetais de cores vivas, como pimentão vermelho, mirtilo, brócolis e berinjela, podem afetar a inflamação, a memória, o sono e o humor;
Frutos do mar: sardinhas, ostras, mexilhões, salmão selvagem e bacalhau são fontes de ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa, que são essenciais para a saúde do cérebro. Os frutos do mar também são uma boa fonte de vitamina B12, selênio, ferro, zinco e proteínas. Se você não come peixe, pode achar fontes de ômega-3 em sementes de chia, de linhaça e verduras marinhas;
Nozes, feijão e sementes: nozes e sementes, incluindo castanha de caju, amêndoas, nozes e sementes de abóbora são bastante nutritivas, podendo ser adicionadas a pratos refogados e saladas;
Especiarias e ervas: cozinhar com especiarias não apenas melhora o sabor da comida, mas também podem levar a um melhor equilíbrio dos micróbios intestinais, reduzir a inflamação e até melhorar a memória, sugerem estudos;
Alimentos fermentados: as comidas são feitas combinando leite, vegetais ou outros ingredientes crus com micro-organismos como leveduras e bactérias. Uma pesquisa recente descobriu que seis porções diárias de alimentos fermentados podem diminuir a inflamação e melhorar a diversidade do microbioma intestinal. Alguns exemplos são iogurte, chucrute, kefir (uma bebida láctea fermentada), kombucha, bebida fermentada feita com chá, e kimchi, um acompanhamento tradicional coreano de repolho fermentado e rabanete.
Chocolate amargo: pessoas que comem regularmente chocolate amargo têm um risco 70% menor de sintomas de depressão, de acordo com uma grande pesquisa do governo americano com quase 14 mil adultos.
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Fonte: Metrópoles