Desde que decidiu lutar pelo direito do filho, um menino transgênero de 12 anos, de usar o nome social na escola, Janaína Britto, 40, relata que a família enfrenta ameaças constantes. Nas últimas duas semanas, eles foram acordados pelo menos em quatro noites com o som de gritos e pedras, atiradas contra a janela da casa.Na última quarta-feira (2/6), um agressor jogou um pedregulho e quebrou a janela da residência onde eles moram em Poções, município no sudoeste baiano. Acionada, a Polícia Militar só chegou ao local no dia seguinte. O caso foi revelado em reportagem do jornal Correio da Bahia.O direito ao uso do nome social para menores de 18 anos em instituições de ensino é garantido pelo decreto 8.727/2016. Contudo, não é respeitado pela escola municipal onde o menino estuda. Para garantir que a legislação sobre identidade de gênero se cumpra no município, uma vereadora apresentou um Projeto de Lei, que nunca chegou a ser votado.Violência“Bom, eu sou um [menino] trans, o que significa que me identifico como um garoto. Podemos dizer que eu não sou uma aberração e não entendo por que tais ataques que ando tendo”, escreveu a criança à publicação.“Estão a me deixar triste ao ponto de ter crise de choro. Pelo menos o que eu e minha mãe estamos a fazer vai ajudar outras crianças trans…”, completou.Segundo Janaína, as ameaças são fruto de uma mobilização criada por um pastor, que convocou os evangélicos da cidade a comparecerem à câmara para que os “vereadores se sintam inibidos a não votar nessa aberração”.A mãe do menino, no entanto, acredita que o ódio não é exclusivo das pessoas que seguem a religião. Sem saber a quem recorrer na cidade, onde não tem familiares, a família conta com o apoio de grupos de mães de transgêneros e que atuam na causa LGBTQIA+.Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Fonte: Metrópoles