O encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) é considerado o maior evento sobre câncer do mundo. A conferência, que acontece sempre em Chicago, nos Estados Unidos, reúne médicos e pesquisadores de vários países para apresentar e discutir os avanços em tratamentos contra a doença.Este ano, o tema foi: “Avançando no tratamento equitativo do câncer por meio da inovação”. O evento aconteceu entre os dias 3 e 7 de junho e apresentou novas tecnologias que prometem aumentar o tempo e a qualidade de vida do paciente com a doença.Confira algumas das principais novidades apresentadas:Câncer de mamaO oncologista Cristiano Resende, da Oncoclínicas Brasília, esteve na ASCO e destaca as evoluções na área de medicamentos imunoconjugados para o câncer de mama. “Essas drogas – que já fazem bastante sucesso dentro de suas indicações especificas – prometem avançar para outros tipos de câncer de mama e gradualmente tomar o espaço de tratamentos tradicionais, como a quimioterapia”, diz.Em estudo, medicamento faz câncer desaparecer de todos os pacientes
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O estudo sobre o medicamento trastuzumabe deruxtecana, que já é aprovado no Brasil para pacientes com câncer de mama HER2 positivo metastático, mostrou bons resultados em pessoas com o chamado HER2 low, quando há expressão menor do receptor.“Ao usar droga conjugada no cenário do câncer de mama HER2 low metastático, se coloca o quimioterápico dentro de um anticorpo, como se fosse um efeito cavalo de Tróia — quando o remédio se liga na célula tumoral, tem sua efetividade aumentada. Quando essa droga foi utilizada, a sobrevida livre de progressão desses pacientes foi dobrada. Com a quimioterapia tradicional eram 5 meses, agora são 10”, explica Resende.Com essa nova estratégia, é possível diminuir o risco de morte em quase 40%, de acordo com pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos.Câncer colorretal
Um dos estudos mais esperados na área de câncer colorretal foi o do pesquisador Dominik Paul Modesto, do Charité Hospital de Berlim, na Alemanha. A equipe do cientista usou uma combinação da droga panitumumab e quimioterapia para tratar pacientes com câncer colorretal metastático sem mutação no gene KRAS.Foi observada uma média de sobrevivência de mais de três anos (36,2 meses), um aumento de cinco meses em relação ao tratamento de referência.Outra pesquisa importante usou o medicamento dostarlimab (uma droga para câncer endometrial) para tratar um tipo específico de câncer colorretal. O estudo conseguiu um marco histórico: todos os participantes estão em remissão do tumor um ano após o início do tratamento.“Já era sabido que os pacientes que são portadores dessa alteração são altamente responsivos à imunoterapia, mas até então não havia provas de que eles poderiam ser curados apenas com o uso desse tipo de medicação. Até aqui, todos os pacientes que fazem parte desse estudo deixaram de apresentar sinais de presença da doença, seus tumores desapareceram”, comenta Aline Chaves, oncologista do Grupo Oncoclínicas.Câncer de pulmão
Pesquisadores do instituto americano Cedars-Sinai Medical Center apresentaram um grande estudo no qual relacionaram o uso do medicamento ramucirumab com o pembrolizumab contra câncer de pulmão de pequenas células que progrediu após a primeira linha de imunoterapia.Os pacientes apresentaram um aumento na taxa de sobrevivência de 14,5 meses, em comparação com os 11,6 meses de pessoas que passaram pela quimioterapia padrão para este tipo específico de câncer. Este foi o primeiro estudo que conseguiu provar benefícios de uma segunda linha de tratamento que não envolve quimioterapia.O estudo ainda é de fase 2, e os pesquisadores irão continuar a pesquisa na fase 3.Diagnóstico
O oncologista Fernando Vidigal, coordenador da área de oncologia da Dasa em Brasília, também esteve na ASCO, e destaca os estudos sobre a detecção de fragmentos de DNA tumoral na corrente sanguínea — a técnica permitiria facilitar o diagnóstico precoce, já que bastaria uma coleta simples de sangue para fazer o exame.“É uma área de grande interesse, e vários estudos vem avaliando a possibilidade do diagnóstico precoce. O paciente que já tem câncer também pode se beneficiar, já que é possível detectar mutações específicas que podem guiar o tratamento. Um exemplo prático é no câncer de pulmão: as informações do exame permitem a terapia alvo molecular direcionada”, explica o oncologista.Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Fonte: Metrópoles