A atriz de Malhação (2004), Thais Vaz, usou sua influência para fazer um alerta sobre relacionamentos tóxicos. Aos 19 anos, a moça se envolveu num romance em que o parceiro a deixou cega de um olho.Em entrevista à Glamour Brasil, a diretora, roteirista, atriz e modelo narrou o drama pessoal: “Não sei ao certo quando as agressões começaram. Lembro que uma vez ele explodiu do nada, na rua, e me deu um soco na costela. Eu, totalmente desequilibrada emocionalmente, ainda fui atrás dele. Naquele momento, não existia amor-próprio”.O episódio que mudou a vida da jovem drasticamente aconteceu em uma viagem a Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro. O casal estava em um imóvel alugado com um grupo de amigos.“Estávamos todos brincando e, em um certo momento, ele fez um comentário a respeito de uma amiga que eu não gostei, e fechei a janela resmungando. Nesse momento, ele deu um soco no vidro. Na hora eu não vi o que aconteceu, só escutei ele correndo. Os estilhaços caíram no meu olho, só que eu não tinha me dado conta que havia me machucado. Só quando as minhas amigas olharam para mim e começaram a chorar. Foi então que coloquei a mão no rosto e vi o sangue”, detalhou Thais. A jovem modelo foi levada ao hospital por suas amigas e lá passou por uma cirurgia custeada pelo agressor.No início, a vítima acreditava que não teria danos permanentes, mas depois de um tempo a ficha caiu: “Tive tudo de pior que um olho pode sofrer: corte na córnea, deslocamento de retina e catarata traumática. Fui operada. No dia seguinte ao acordar, minha maior preocupação era se eu conseguiria dirigir, algo que eu sempre quis, e se poderia trabalhar como atriz”.O primeiro diagnóstico dizia que, com a retirada do cristalino devido ao trauma, a jovem só precisaria colocar uma lente para voltar a enxergar. “Depois de um tempo, a retina deslocou novamente, e não tinha mais jeito. Eu perdi a visão por completo do olho esquerdo”, lamentou.Thais Vaz quer usar sua história como um alerta e inspiração para pessoas que sofrem da mesma deficiência. A visão monocular é reconhecida como uma deficiência graças a lei criada pela jornalista Amalia Barros.Em uma conversa com o cineasta João Jardim, eu disse que gostaria de desenvolver uma série documental sobre mulheres e ele me aconselhou: ‘Por que não fala sobre algo que tem propriedade, será mais fácil para começar na direção’. Foi daí que surgiu Mulher Coragem, onde conto a minha história e vou de encontro a outras mulheres artistas com deficiências para entender como a arte funciona nesses corpos e como é a vida dessas mulheres”, relembra.Por fim, Vaz deixou um recado: “O relacionamento tóxico existe em todas as relações, seja no amor, trabalho, relação familiar… é preciso identificar os sinais e se impor para não desencadear em consequências sérias, como aconteceu comigo. Temos um índice de feminicídio alarmante no país. Fora agressões, ameaças, estupros e emissão de medidas protetivas. Precisamos começar a ajudar as relações dos outros sim! Nossa sociedade precisa se reeducar em relação a isso”.Fonte: Metrópoles