Goiânia (GO) 24/01/2021 Por não estabelecer contato com autoridades brasileiras, aplicativo de mensagens Telegram pode ser bloqueado no BrasilFoto: Vinícius Schmidt/Metrópoles
“Fiquei horrorizada”. A fala é de uma jovem de 23 anos, residente do Distrito Federal, que atravessa um drama pessoal após imagens íntimas e dados pessoais serem vazados num grupo do Telegram.
Fernanda* conta que, desde 12 de junho deste ano, começou a receber mensagens via WhatsApp de pessoas do país todo. Um homem que se identificou como sendo de São Paulo, por exemplo, perguntou se ela sabia que fotografias dela nuas estavam circulando em grupos fechados. “Eram comentários em tom misógino e sobre o meu corpo. Virou um inferno”.
No dia 14 do mesmo mês, Fernanda recebeu mais duas mensagens. Até então, ela não tinha certeza se as imagens mostradas eram, de fato, suas, pois não mostrava o rosto, e imaginava que a situação poderia se tratar de um tipo de golpe.
Depois desse segundo contato, registrou um boletim de ocorrência eletrônico, que já foi homologado. O terceiro contato tornou-se preocupante. Fernanda conta que, além das fotos íntimas, recebeu dados pessoais, como nome completo, CPF, RG, nome da mãe, endereços antigos, telefones, bem como outras informações. “Eu vi pelo print que havia sido postado num grupo chamado Dark Secretinho e as fotos são antigas, de cerca de dois anos atrás. Não entendi por que a pessoa decidiu vazar isso agora”, questiona.
“No começo, entrei em desespero. Falei com minha mãe; ela não me julgou e disse que ficaria de aprendizado. Além dela, minhas amigas me apoiaram. O que fica é a vergonha. Tenho medo de sair aqui e encontrar alguém que faça parte deste grupo”, diz.
Na descrição do administrador, para participar do grupo, o usuário da plataforma precisava “vazar” fotos íntimas de uma mulher, juntamente com as redes sociais ou telefone da vítima. No caso de Fernanda, as imagens foram compartilhadas junto com o número pessoal. Após as denúncias levadas à polícia, o grupo foi excluído.
Robô
Como revelado pelo Metrópoles, a ferramenta utilizada para vazamento de diversas informações pessoais é um robô ─ ou bot ─ muito comum na plataforma. Com o número da placa de carro, por exemplo, também é possível ter acesso ao modelo do automóvel, chassi, Renavam, emissão do CRV e informações sobre o proprietário do veículo.
A rede Telegram foi procurada via mensagem dentro do próprio aplicativo, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações. O advogado representante da plataforma, Alan Campos Elias Thomaz, em telefonema, limitou-se a responder que não comentaria o caso.
Procurada, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que não é possível passar detalhes da ocorrência por se tratar de ato que atinge a intimidade da pessoa. O caso é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul).
*Nome fictício para preservar a identidade da vítima
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Fonte: Metrópoles