E o reality show ‘Cruzeiro Colorido’, apresentrado pela ex-BBB Jaquelline Grohalski, a modelo Nicole Bahls e David Brazil, continua dando o que falar quando o assunto é preconceito. A vítima da vez foi o chef de cozinha João Marcelo, que foi convidado para participar do programa. Ele contou que um funcionário do reality o agrediu verbalmente, ameaçou e deu tapas no seu rosto e em sua perna. Na hora da confusão, Nicole não estava mais lá.Essa coluna de apenas seis leitores conversou com João Marcelo, que contou tudo o que aconteceu na tarde da última sexta-feira (2). Segundo ele, a produção o convidou para cozinhar para os participantes durante um quadro da apresentadora Adriana Bombom e tudo correu como esperado. Após a conclusão do trabalho, ele afirmou que foi convidado para ficar, pois teria apresentação do DJ Jesus Luz. Ele aceitou e passou a noite em uma casa com a equipe.O problema, ele detalhou, se iniciou no dia seguinte. Na hora do café da manhã, ele lembra que conversou com três pessoas da equipe que estavam em uma mesa, sendo duas meninas e um rapaz. “Eles me trataram bem, puxaram assunto, perguntaram minha sexualidade e enveredamos por esse assunto. Afinal, é um programa onde temos todos os gêneros. O rapaz reclamou que tinham muitos mosquitos e até mostrou as feridas no braço. Então, eu ofereci um repelente. Em seguida, ele levantou pra fazer alguma coisa e que depois disse que ia ‘fumar’ enquanto tirávamos a mesa”, relatou ele, que foi buscar o creme no quarto e entregou ao funcionário.João Marcelo recorda que quando as agressões e ofensas aconteceram, só estava ele, a Jaquelline, uma assessora, o caseiro e o produtor de Logística. O restante da equipe, inclusive o funcionário que o agrediu, foi até a Ilha, mas ele não quis acompanhar. Depois do almoço, o chef de cozinha deitou um pouco para descansar antes de ir embora. E foi quando tudo começou.“Visivelmente transtornado, ele desembarcou do barco e gritava. Eu até pensei que era brincadeira. Então, ele entrou na casa xingando tudo e todos, dizendo que estava de saco cheio, porque não tinha condições de trabalho, tinha pessoas dormindo no chão e ele não dormia há muitas horas. Depois, ele afirmou que ainda ‘veio um viado babaca tentar beijar ele na mesa do café da manhã’. Então, ele me viu no sofá deitado e partiu pra cima de mim, dando um tapa na minha cara e um na perna”, disse.Depois da agressão física, veio a ameaça. “Ele começou a gritar com a produtora que estava de saco cheio, que além de ser mal tratado ainda era assediado por viados, que odeia viado e que nem sabia o que fazia ali com tantas aberrações. Depois de a produtora tentar argumentar com ele e eu tentar me defender, ele voltou a gritar que se eu saísse pra rua ou estivesse sozinho na casa ele ia estourar meu crânio porque odiava viado”, continuou a contar.E nem mesmo a produtora não se livrou da fúria do homem. “A produtora começou a gritar com ele pedindo respeito. Aí, ele disse que ela era gorda, escrota e que não queria saber de assunto com ela, mas comigo, que era rico e dono da casa [ele pensou que o chef era dono da mansão]. Foi então que ele disse ‘querem que eu me acalme, tô querendo sair do projeto mesmo. Coloquem 20 mil na minha conta e eu fico calmo’”, declarou João Marcelo.O chef de cozinha disse, ainda, que foi acusado pelo funcionário de assédio, de tentar beijá-lo e cantar o barqueiro pedindo massagem. “Só que ele pegou o bonde andando e tentou usar isso a seu favor. O barqueiro, na verdade, disse que ia me apresentar um massagista que atendia os famosos na ilha. Tenho tudo registrado no WhatsApp”, afirmou, concluindo que o funcionário queria dinheiro. “E falou que ‘essas bichas (se referindo a mim, ao apresentador e aos participantes) se sentem muito porque são ricas’. Mas que ele não ia sair dali sem um a mais”.O chef de cozinha ainda disse que o funcionário fez vídeos e ameaçou. “Ele disse que se eu não desse dinheiro para ele, ele ia colocar minha cara na internet. E ele realmente botou, dizendo que eu era um verme. Depois, ele deletou os vídeos e colocou outra mensagem, pedindo para as pessoas compartilharem e me chamarem de verme”.Muito nervoso, João Marcelo disse que pegou o carro e foi embora. Ele se queixa, ainda, de que ninguém do programa o ajudou ou se ofereceu para o acompanhar. “Ainda soube que ele surtou com outras pessoas lá”, contou. Na volta para casa, ele ainda sofreu uma tentativa de assalto e bateram em seu carro. “Ainda fui com o meu carro, no meio do caminho tentaram me assaltar e tive que reagir a isso. Vieram buscar meu carro hoje (domingo) para fazer os ajustes, consertar onde bateram”.O profissional revelou que nunca tinha passado por isso nos seus 38 anos de vida. “Sou um chef de 38 anos, gay assumido, atuo nas mais importantes obras, sabe? Desde programa de auditório, novelas, grandes eventos e festas de famosos. Nunca passei por tamanho constrangimento. Nunca tive um ataque homofóbico tão grande quanto esse. Desde sexta-feira, não consigo dormir, tenho pesadelos, acordo falando sozinho. A gente vê na TV, pede a Deus proteção pra gente e pros amigos, porque sabemos que é cruel demais. Mas juro, que vivenciar isso logo em um lugar que deveria me sentir protegido. É pesado!”, desabafou.João Marcelo disse que tudo isso que passou o fez lembrar da luta para chegar onde chegou. “Venho de uma família muito pobre, sou filho de uma merendeira de escola pública. Graças a Deus, eu sempre fui bolsista em escola particular, porque sempre fui bom aluno. Não foi fácil, sabe? Eu sou gay desde criança, gay pobre, sempre morei em comunidade mais humilde, sou do Engenho Novo. E a gente sempre resistiu a isso, minha mãe e minha família sempre me protegeram muito. Graças a Deus, estudei, conquistei as oportunidades. Evento meu é impecável, as pessoas confiam de olho fechado. Estudei e estudo muito. E nunca me senti tão ‘cocô do cavalo do bandido’, tão desprestigiado, eu não sei explicar a sensação”.“Se isso foi comigo, que tenho voz, imagina com uma trans, uma lésbica que os machistas falam que são ‘sapatões’ porque não foram bem comidas. E na ilha não tem segurança, imagina um surto desses. Sempre falei que nunca levaria homofobia entalada pra casa, mas quando acontece, é tão sorrateiro e sujo que te deixa em choque”, avaliou ele, que teve que fechar o Instagram depois da postagem do funcionário, pois começou a receber ameaças. No fim de tudo, João Marcelo disse que recebeu mensagens de apoio das pessoas que testemunharam as agressões, inclusive um deles disse que alertou aos responsáveis que o funcionário estava usando droga no local e que daria trabalho.Não é a primeira vez que o ‘Cruzeiro Colorido dá o que falar. Isa Potter, ativista e podcaster, soltou o verbo nas redes sociais após assistir uma cena de transfobia no confinamento. O motivo da indignação possui nome e sobrenome, Mirko Ferrari. O empresário é responsável pela atração, junto de Mário Jardel.A assessoria de imprensa do ‘Cruzeiro Colorido‘ informou que o agressor é funcionário de uma empresa terceirizada e que o programa não tem responsabilidade sobre o que aconteceu, pois foi fora do ambiente de trabalho, fora da Ilha. A modelo Nicole Bahls ficou admirada com a situação e mandou recado para João Marcelo.“Sou contra qualquer ato de homofobia, sou a favor de respeito e amor, independentemente de orientação sexual ou condição social. Somos todos exatamente iguais. O dono do programa também é uma pessoa que apoia e acredita muito no talento de todos os selecionados por ele. Ele está sofrendo muito com a prestação de serviço prometida em contratos e anda bastante decepcionado. Estamos tentando acalmar ele, que não é brasileiro, para que tudo corra da melhor forma possível . O elenco é maravilhoso, valioso. Eu estou apaixonada por todos os participantes e tentando colaborar em tudo, me envolvendo de corpo e alma em prol de uma causa que, pra mim, tem muito valor e tamanha significância. Espero que fique tudo bem com o João Marcelo. Ele é um menino especial, que colaborou muito com sua presença e foi levar carinho e amor aos participantes confinados”, declarou a modelo.Fonte: Em off