Grupos criados no WhatsApp pelo ex-chefe da área de tecnologia da informação (TI) do Jardim Zoológico de Brasília, Marcelo de Medeiro Gomes, eram usados como armas para intimidar, ameaçar e assediar funcionários considerados desafetos por ele. O mesmo ocorria quando o alvo da Operação Animals, deflagrada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) nessa quarta-feira (14/9), planejava a demissão de desafetos.Em prints dos grupos obtidos pela coluna, Marcelo zomba de uma das funcionárias mais velhas da bilheteria do Zoo e a chama de “vaca velha”. Ele afirma ter feito todos os arranjos para que o alvo dos ataques fosse demitido. “Adeus, vaca velha. Feliz trio das venenosas. Que tudo se realize nas demissões de vocês”, diz, em uma das mensagens postada no grupo.De acordo com uma das vítimas, Marcelo, por diversas vezes, ao entrar na bilheteria, se dirigia às demais atendentes com insultos. “Ele nos chamava de burras, causava intimidação com ameaças de que seríamos demitidas uma a uma, além de causar constrangimento ao chamar a atenção na frente de todas as pessoas. Também fui xingada de vaca do ano”, contou.Ameaça de envenenamentoOs assédios iam além. A funcionária revelou que o hacker violou sua privacidade ao acessar o WhatsApp, ler as mensagens e conversas pessoais, além de compartilhar com outros colegas fotos impróprias da vítima.“Ele dizia que ia acabar comigo, me obrigaria a pedir demissão e que tinha nojo de mim. Também fazia comentários inadequados sobre as minhas roupas íntimas, além de fotos minhas que ele tirava através da câmera de vigilância”, desabafou.De acordo com a vítima, outra funcionária costumava participar dos assédios e ataques contra alguns alvos. “Esta colaboradora, além de me insultar, dirigiu ameaça a mim, afirmando que iria colocar veneno na minha comida e que Marcelo a ajudaria desligando a câmera de vigilância no momento em que adentrasse o meu recinto de trabalho para cumprir com tal finalidade”, disse.O caso
Investigado por invadir o sistema da bilheteria do Zoo, Marcelo foi denunciado por funcionários da instituição por assédio. Depoimentos obtidos pela coluna Na Mira detalham que o morador do Guará, que ocupava cargo de chefe da área de tecnologia da informação (TI), chegou a instalar câmeras particulares para monitorar e assediar os trabalhadores.Sob condição de anonimato, por motivos de segurança, uma funcionária relatou que Marcelo Medeiro Gomes entrou no zoológico para prestar serviço comunitário, em cumprimento de pena. No entanto, após algum tempo de trabalho, foi contratado por uma empresa terceirizada e assumiu a equipe de TI do Zoo.“Ele desenvolveu o sistema da bilheteria. Tinha acesso a todas informações, incluindo os dados dos servidores. Instalou câmeras na bilheteria e acompanhava tudo de casa. Chamava a bilheteria de Big Brother e se intitulava ‘Marcelo Bial’. O assédio era muito forte, pois ele controlava tudo. Monitorava até o tempo que demorávamos no banheiro. Enviava fotos dos trabalhadores no grupo e fazia ameaças. Algumas pessoas chegaram a denunciá-lo na ouvidoria, mas ele entrava no sistema e apagava as denúncias”, detalhou.Difamação e injúria
Outra mulher relatou à coluna que trabalha no Zoológico de Brasília há cerca quatro anos. Ela reforçou que Marcelo tinha uma relação conturbada com diversos funcionários e que foi desligado da Fundação Jardim Zoológico em 31 de março de 2022.“Ele criava grupos de WhatsApp e adicionava todos os servidores do local [do Zoológico], com objetivo de causar intriga. Devido às armações, sete funcionários foram demitidos. Não entendo o motivo de tanto ódio e perseguição. Vi que me tornei um dos alvos por não ter tanta condição financeira, por ser mulher e mais velha. Chego a temer pela minha vida, devido ao temperamento imprevisível, vingativo e agressivo dele”, desabafou a funcionária, que chegou a registrar ocorrência contra ele na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), por difamação e injúria.Ameaçados, os funcionários reuniram uma série de provas que levaram ao desligamento de Marcelo do Zoo. No entanto, por volta das 12h30 de 31 de maio último, após a demissão do investigado, o serviço de internet e o sistema de bilheteria do Zoológico ficaram inativos. No dia seguinte, toda a rede de internet da fundação parou de funcionar, e 400 mil arquivos foram deletados.Em nota, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília informou que “acompanha e colabora com a Operação Animals” e que aguarda a conclusão da investigação.Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no InstagramReceba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre o Distrito Federal por meio do WhatsApp do Metrópoles DF: (61) 9119-8884.Fonte: Metrópoles