

Goiânia – A autônoma Dijany Sousa Oliveira de Gouveia, de 57 anos, vai conseguir, finalmente, colocar em sua documentação o estado civil de “viúva”. Isso ocorre nada menos do que 35 anos depois do marido dela desaparecer em um avião com outras seis pessoas em uma área de selva na Bolívia.
“Eu falava que era viúva, mas tinha que comprovar. Não podia ter benefícios porque não tinha esse papel. No papel, eu era casada, mas na verdade era viúva e não tinha como comprovar. As dificuldades foram grandes”, contou a moradora de Goiânia ao Metrópoles.
Pela falta de documentação, ela teve dificuldade para financiar um imóvel e conseguir direitos, como pensão e aposentadoria. Dijany então procurou a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPEGO), onde conseguiu dar entrada na Justiça com um pedido de atestado de morte presumida.
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) aceitou o pedido no último dia 11 de agosto.
Provável óbito
Isso porque, segundo a Defensoria, é “extremamente provável a ocorrência do óbito” de Heliel Branco de Gouveia, que hoje teria 61 anos de idade. O então comerciante de 27 anos e marido de Dijany entrou em um avião de pequeno porte na tarde do dia 13 de junho de 1987 e nunca mais foi encontrado. Nem ele, nem os outros seis passageiros e nem destroços da aeronave.
“É dor demais!”, diz mãe sobre filho sumido há 17 anos após ação da PM
Réus por matar e esconder corpo de adolescente em Goiás são soltos
O avião saiu de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e tinha como destino a Bolívia, onde Heliel tinha um estabelecimento comercial. A esposa vivia em Goiânia, no Brasil. O caso teve repercussão na época, com manifestações de familiares das vítimas que buscavam por uma resposta.
“Passei muito tempo da minha vida muito triste, esperava todo dia que ele chegasse, mas agora, graças a Deus, está superado”, avaliou Dijany. Heliel nasceu em Itapirapuã, Goiás, e deixou dois filhos.
O padrasto de Heliel chegou a ir até a Bolívia para ajudar nas buscas, mas o terreno era muito difícil, com muita água e mata fechada, lembra a viúva. Assim, as buscas eram feitas pelo ar e não pela terra.
Última conversa
A viúva se lembra que conversou com o marido no dia do desaparecimento. Ele pretendia ir para a Bolívia de trem, mas optou por fretar um avião por causa de uma greve de trabalhadores da ferrovia.
Segundo jornais bolivianos da época, o piloto do avião fez um último contato com a torre de controle dizendo que ia fazer um pouso de emergência devido ao mau tempo e surgimento de uma frente fria inesperada.
O local estimado do desaparecimento era entre as cidades bolivianas de San Jose de Chiquito e Roboré. Mas jamais, ao longo de quase quatro décadas, qualquer indício das pessoas e da aeronave foram encontrados.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.
Fonte: Metrópoles