O primeiro turno das eleições na capital do país, neste domingo (2/10), ficou marcado por filas em diversos pontos de votação, trocas de urnas, denúncias de propaganda irregular, uma tentativa de fotografar a urna eletrônica, além de transtornos devido a mudanças nos endereços das seções eleitorais.Até as 10h34, horário do balanço mais recente divulgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), a Corte havia registrado 212 denúncias de propaganda ilegal. As irregularidades ocorreram no sábado (1º/10) e neste domingo (2/10). Cinquenta e quatro delas envolveram disparo em massa de mensagens de texto, além de 34 de derramamento de santinhos em locais de votação.Em 14 cidades do DF, houve necessidade de troca de urnas devido a problemas técnicos. O TRE-DF substituiu 16 delas, segundo o último levantamento divulgado. A Corte dispõe de 700 na reserva de contingência, para casos como esse.Outra situação que provocou transtornos entre os eleitores tem relação com a mudança dos locais de votação. Em alguns endereços, eleitores foram pegos de surpresa ao chegarem às seções e não encontrarem escolas em funcionamento.Apesar dos imprevistos, a manhã não teve registros de ocorrências graves, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) no início da tarde deste domingo (2/10). No Recanto das Emas, uma mulher tentou fotografar uma urna eletrônica, mas foi levada para a Superintendência da Polícia Federal.Filas e longa esperaA votação para as eleições de 2022 começou às 8h no Distrito Federal, neste domingo (2/10), mas muita gente preferiu se adiantar e chegar bem cedo às zonas eleitorais. Além de evitar filas, os eleitores preferiram passar pelas zonas eleitorais antes de seguirem para o trabalho.É o caso de Maria de Lourdes, 68 anos. A aposentada chegou às 5h30 no Centro Educacional (CED) 3 de Planaltina e foi a primeira da fila. “Gosto de fazer tudo cedo, e aqui (no colégio), a fila fica enorme”, relatou.Na Escola Classe (EC) 66 do Sol Nascente, houve um rápido tumulto no momento da entrada dos eleitores. Quando os portões do colégio abriram, às 8h, muitas pessoas que não aguardavam na fila entraram junto a quem esperava desde cedo. “Não adiantou nada acordar às 6h”, reclamou uma eleitora.“É muita sujeira, né?”, diz o gari Alexandre Neves, 43, que começou a varrer a porta da Escola Classe 66, por volta das 6h, com o colega de trabalho Gutemberg Eduardo, 32. O chão em frente ao portão do colégio tinha camadas de papéis; policiais militares que trabalham no local chegaram a alertar a população sobre o estado do local. “Cuidado para não escorregar”, afirmavam a quem entrava no local antes de os garis conseguirem limpar.Na Escola Classe 38, em Ceilândia, Luís Fernando Vieira Silva, 18, votou pela primeira vez, neste domingo (2/10). “Ser obrigado a votar é meio chato. Ter de sair de casa, sendo que não vai mudar nada no final”, analisa o morador do P Norte.Vestido com a blusa amarela da Seleção Brasileira, Moabe José da Silva, 53, foi um dos eleitores que votou na Escola Classe 17, no Setor O, em Ceilândia. “Além de torcer pelo Brasil, (torço) por um presidente, eu torço pela Seleção Brasileira. É por isso que eu gosto de representar, mesmo. Ano de Copa, ano de votação, faz parte do Brasil. Eu acho bonito isso aqui do Brasil, o povo que sempre está vivendo numa democracia. É bom demais.”No Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 de Planaltina, os portões abriram pontualmente, às 8h. Zenilda Silva, 39, foi a primeira a votar. A cuidadora chegou cedo, após sair do trabalho, e esperou na fila, com o filho Felipe, 6 meses, no colo. “Votar é muito importante, porque precisamos de bons representantes para lutar por nossos direitos”, disse.Na Escola Classe 01 do Arapoanga, em Planaltina, há filas em frente às seções. O colégio é uma das maiores zonas eleitorais da região e, nas primeiras horas de votação, há grande movimento.É estimado que, no total, o local receba mais de 2 mil pessoas até o fim do dia. Será uma média de 150 cidadãos em cada uma das 14 seções. “Aqui, tem bastante gente, fiquei até um pouco assustada no primeiro momento, mas está correndo tudo bem e organizado até agora”, afirmou a vice-diretora da escola e supervisora da zona eleitoral, Renata Moreira, 46.Dejalma de Souza, 73, e a esposa, Maria das Dores, 64, escolheram a manhã para votar. Contudo, não estão empolgados com o pleito. “Viemos por obrigação, para não pagar a multa. É sempre a mesma coisa, todos enganam a gente”, reclamou Dejalma.Plano Piloto
Tentando evitar filas na Universidade Paulista (Unip) da 913 Sul, a empresária Bianca Decarli, 48, levou o mascote da família para votar. O cachorrinho Miguel ganhou roupinha personalizada nas cores do Brasil para acompanhar a tutora na votação. “Estou otimista. Acho que o voto é a única coisa que podemos fazer pelo nosso país e é dever de todos os cidadãos”, avaliou.Eliane Cadenasse, 59, é gestora hospitalar em Santiago, no Chile. Ela mora há 8 anos naquele país, mas está em Brasília visitando a família. Como vota no consulado brasileiro no Chile, ela teve de justificar o voto e disse que, se fosse exercer o dever como cidadã, votaria nulo. “Não há nenhum candidato que mereça nosso voto. Quando saí do Brasil, comecei a valorizar o nosso país e acho que não tem ninguém que nos represente e faça o melhor para nós”, lamentou.Apesar de ter justificado, ela incentivou a família a votar e esteve na Upis, na 712 Sul, para acompanhar os sobrinhos. “Eles têm de votar, mesmo. Dei a dica de ler as propostas e ver o que os candidatos já fizeram. Votar sem estar consciente disso é burrice”, declarou.No La Salle da 907/908, o militar Victor Alves, 22, afirmou que não está otimista com os resultados. “Todos deveríamos exercer esse direito de votar. O voto é individual, e votamos no que queremos para nós, individualmente. Acho que estão todos perdidos sobre em quem votar”, desabafou.Ele contou que achou que o clima estaria mais hostil por causa da polarização, mas, até o momento, achou tranquilo. “Até então, não vi nenhuma confusão, então acho que será pacífico”, apontou.Na Universidade do Distrito Federal (UDF) da 704 Sul, uma família votou toda vestida com roupas vermelhas. A professora Ana Carolina Oliveira, 32, e o marido, o sociólogo Daniel Galvão, 47, levaram o filho João Pedro Galvão, 11, para a zona eleitoral. “Queremos mostrar para ele a vitória da democracia. As crianças devem compreender esse processo. Tentamos mostrar para o João Pedro, desde cedo, sobre a importância de entender a política e participar do processo eleitoral”, contou Daniel.João Pedro comemorou a oportunidade. “Estou ansioso para fazer 16 anos e votar também. Vivemos em uma democracia, e eu acho ela muito importante para a minha vida e para o meu futuro”, declarou o estudante. Ana Carolina ressaltou que está otimista com o resultado das eleições. “Hoje, é um dia de alegria, de retomar a alegria do povo brasileiro”, apontou a professora.Entorno
Em Luziânia (GO), enormes filas marcam a votação neste domingo (2/10). Um dos pontos de reclamações é a Escola Municipal Francisco Vieira Lins.“Eu acho um absurdo. A gente acha que vai ser uma coisa rápida e, quando chega aqui, se depara com filas desse tamanho”, reclama Lucilene Sena Gonçalves, 39. “É algo constrangedor. Poderia ter uma organização melhor”.Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no InstagramReceba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre o Distrito Federal por meio do WhatsApp do Metrópoles DF: (61) 9119-8884.Fonte: Metrópoles