

A organização sem fins lucrativos belga Apopo está treinando ratos e equipando os roedores com equipamentos semelhantes a mochilas para ajudar no resgate de pessoas presas em escombros de edifícios desmoronados. A ideia é utilizar o pequeno animal para auxiliar socorristas no contexto de desastres naturais, como terremotos e furacões, ou em casos de acidentes que envolvam desmoronamentos. A “mochila” possui um interruptor que deve ser puxado pelo animal ao encontrar um sobrevivente.O treinamento está acontecendo atualmente em uma simulação de zona de desastre e consiste em conduzir o rato a encontrar a pessoa entre os escombros, disparar um bipe através do interruptor no equipamento e retornar à base para receber um petisco como recompensa. A mochila será equipada com câmera, microfone bidirecional e um transmissor que informa em tempo real a posição dos roedores para orientar a equipe de resgate.“Os ratos geralmente são bastante curiosos e gostam de explorar – e isso é fundamental para busca e resgate”, afirmou a cientista de pesquisa comportamental Donna Kean, que lidera o projeto com a ONG. “Juntamente com a mochila e o treinamento, os ratos são incrivelmente úteis para busca e resgate”, afirma a pesquisadora. Os animais se encontram atualmente nos treinamentos iniciais, e o desenvolvimento da tecnologia se dá em parceria com a Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda.O programa foi lançado oficialmente em abril de 2021, mas a ideia de utilizar ratos em resgates é anterior, e começou a ser trabalhada em 2017, após a organização voluntária de busca e resgate GEA procurar a Apopo sobre a hipótese de trabalhar com os animais. Além de treinar o comportamento, os maiores desafios são acostumar os ratos a carregar o equipamento, e reduzir as mochilas ao menor tamanho possível. Além dos ratos, a organização também trabalha no treinamento de cães em sua base, na TanzâniaO projeto utiliza ratos gigantes africanos, que vivem em cativeiro por mais tempo que o rato marrom comum. Atualmente, os animais – que são conhecidos como “HeroRATS” ou ratos-heróis, em tradução livre – são utilizados pela ONG para detectar minas terrestres e casos de tuberculose, mas, segundo Kean, ao longo dos testes os resultados vêm se confirmando cada vez mais promissores para o resgate em escombros.“Eles precisam ser superconfiantes em qualquer ambiente, sob quaisquer condições, e isso é algo em que esses ratos são naturalmente bons”, afirmou a cientista. “Mesmo que nossos ratos encontrem apenas um sobrevivente em um local de destroços, acho que ficaríamos felizes em saber que isso fez diferença em algum lugar”, concluiu Kean.
Enquanto treinam os animais, o projeto desenvolve meios de reduzir a mochila ao menor tamanho possível
Enquanto treinam os animais, o projeto desenvolve a mochila no menor tamanho possívelFonte: Hypeness