Bom humor e assuntos sérios. Foi assim que rolou a conversa de Tiago Abravanel com a apresentadora Gabriela Prioli em seu programa ‘À Prioli’, da CNN. No papo, o ator e cantor revelou se “a pipa do vovô” ainda funciona e revelou sua relação com Silvio Santos e o sobrenome que usa. A entrevista foi repleta de muitas risadas, música e até piscina de bolinha.Dentro do brinquedo infantil, os dois se divertiram numa disputa de quem pegava mais bolinhas e acabou dando empate. Então, cada um teve direito de fazer três perguntas. A primeira coisa que a apresentadora quis saber foi: “Tiago Abravanel, a pipa do vovô não sobe mais?”, perguntou. Sem titubear, o neto do apresentador responde: “Acho que, eu acho que não”. Gabriela, então se surpreende: “Ele tá respondendo sério”, fala, antes de os dois caírem na gargalhada. “Não é pra responder?” pergunta o ator e cantor.Antes desse momento de diversão, Gabriela quis saber tudo sobre o relacionamento de Tiago Abravanel com a família. Uma das primeiras perguntas que ele fez foi a respeito do sobrenome: “Você acha que um sobrenome como o seu ajuda ou atrapalha nesse processo de confiança em si mesmo”. Sem pensar muito, o cantor afirmou:“Na maioria das vezes, atrapalha. Porque tudo tá ligado a alguma outra coisa que não é sobre mim, é sobre algo além de mim. Então, a gente não tem o controle sobre aquilo que não é da gente. Nesse sentido, atrapalha. Não acho que a palavra seria atrapalhar, mas não fica claro, não tem consistência”, analisou Tiago Abravanel.Ele ainda completou: “Ter um sobrenome não me faz mais alguém ou menos alguém por conta dele, sabe? Então, na minha cabeça é como se tivesse que me provar todos os dias que eu sou capaz de fazer alguma coisa, que eu tenho talento pra alguma coisa, que eu corro atrás dos meus sonhos e que o sobrenome é algo que eu carrego, com orgulho, né? Afinal de contas, é um dos maiores comunicadores do nosso país e isso não tem como negar, mas, ao mesmo tempo, isso não me traz nada preciso para que eu consiga trabalhar. Se eu não estudar, se eu não me esforçar, se eu não correr atrás das minhas coisas, vai ser só um sobrenome”, declarou.Tiago ainda contou como separar a “figura” Silvio Santos do avô: “Existem dois lugares que é a figura Silvio Santos e a nomenclatura familiar, que é o ser avô. Se a gente colocar esse lugar, ser neto do Silvio Santos, teoricamente, é ser neto do seu avô. Quando a gente entende que essa é uma figura extremamente conhecida das pessoas e que isso gera curiosidade, aí a gente tá falando da relação do artista para com a outra pessoa, e não a relação de neto e avô. Entende? São duas coisas distintas, mas as pessoas não conseguem desassociar. E aí, elas têm a imagem do artista ocupando a imagem do avô e não é a mesma coisa. Meu avô não me joga um aviãozinho de aniversário, não é assim que a história funciona”, comparou.O cantor e ator ainda avaliou a proximidade dele com Silvio Santos: “É muito delicado. Durante muito tempo eu tive muito medo de falar sobre isso, justamente porque a relação não é tão próxima quanto as pessoas imaginam. Tanto pela vida louca que a gente leva, tanto ele quanto eu, mas pela proximidade da estrutura familiar mesmo. A minha mãe foi do primeiro casamento, não teve tanta proximidade no crescimento, enfim, a gente cresceu mais distante”, recordou.Tiago Abravanel ainda revela que sente por não ter crescido com a presença do avô: “Hoje, por exemplo, eu vejo que os filhos das minhas tias mais novos têm muito mais a proximidade da figura do avô, do vô Silvio, do que eu tive na minha infância. Isso é maravilhoso pra eles, eu não tive e eu não posso fingir que isso, de certa forma, não mexe com meu psicológico. É claro que mexe. Mas as pessoas ainda tem um tabu, um medo de falar sobre relações familiares porque, afinal de contas, eu estou falando do Silvio Santos. E eu sou essa pessoa que sempre tive medo por pensar, peraí, vão falar, vão julgar ele por essa atitude, vão me julgar por eu ter falado”.Ele contou, também que a terapia o ajudou a “desligar” alguns botões, principalmente o da fala. Ele, inclusive, disse que pensou em não usar o sobrenome do avô em seu nome artístico: “Justamente por esse medo de falar ‘cara, vão comparar, vão apontar, vão dizer que só estou ali por conta disso’. Mas quando eu entendi que isso não ia fazer a diferença, eu não ia deixar de ser o neto do Silvio Santos se eu colocasse outro sobrenome, porque eu tenho um some enorme, tinham várias opções. [Abravanel] é mais sonoro, numerologicamente falando, que a gente fez a numerologia, tinham duas opções boas Tiago Donato e Tiago Abravanel, mas já que a gente tinha esse plus aí porque a gente não vai usar também? E o bônus a gente vai ter que aprender a lidar”, avaliou.Gabriela, mais para o fim da entrevista, quis saber como foi para Tiago Abravanel se perceber homossexual e se a família o apoiou: “Eu acho que sou uma exceção a todo esse movimento que acontece. Por que eu digo isso? Porque, ao contrário de que o mundo não tem referências, eu tive essas referências. Eu não tinha entendimento que isso poderia ser a partir do que eu estava sentindo, mas eu sabia que existia, eu entendia que era possível. E o meu entendimento veio, justamente, da pessoas que eu mais amo dizer pra mim ‘eu entendo que você é gay’. A minha mãe me disse isso e eu, mais uma vez, me sinto previlegiado porque, dificilmente, numa sociedade onde os pensamentos são extremamente machistas, da minha mãe ter consciência de que ‘filho, você é o que está sentindo, eu acredito no que você é, eu amo o que você é’”, relatou.Fonte: Em off