

À época em que as famílias reais mandavam em toda a Europa, não era exatamente o amor que movia os casamentos: a maioria dos casais se formava como forma de manutenção de poder. Assim, não é por acaso que tantos reis e rainhas se tornaram parentes, e misturaram suas supostas nobrezas em filhos, primos e netos herdeiros dos tronos do nebuloso passado europeu.O gesto de se unir e reproduzir entre pessoas aparentadas se chama endogamia. São essas relações ancestrais que a designer holandesa Nobodyh Bremer mapeou na plataforma Royal Constellations. Basicamente, o mapa interativo retorna ao século 10 para desenhar as árvores genealógicas das famílias reais europeias, passando por impérios que não mais existem e chegando até a personagens atuais – alguns deles ainda governando seus países.O Royal Constellations mostra, por exemplo, como o rei Felipe VI, atual monarca da Espanha, divide parentesco com a rainha Margarida II, da Dinamarca, através de monarcas importantes do passado, como a rainha Vitória I, do Reino Unido – prima de quarto grau de Margarida e de quinto do monarca espanhol. Segundo Bremer, a rainha inglesa que governou entre 1837 e 1901 pode ser vista como uma espécie de bisavó de toda a realeza europeia atual.A plataforma apresenta reis e rainhas das dez atuais famílias reais no poder na Europa – Liechtenstein, Luxemburgo, Bélgica, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Suécia, Espanha, Países Baixos e Mônaco – e as conecta remontando a passados distantes, numa regra de graus de separação entre os nobres. “Todas as dez lideranças reais atuais na Europa se conectam através de seus ancestrais”, diz o texto da plataforma. “Não precisamos voltar muito, até os mais distantes parentes reais nasceram depois do ano 1700”, explica.Para além dos malefícios genéticos que a endogamia provoca, o exercício proposto pela plataforma mostra de que forma a concentração de poder foi garantida, desde o passado e até hoje – e se apresenta como modelo em meio aos ricos e poderosos do mundo. Segundo o “Royal Constellations”, os casamentos endogâmicos garantiam a “restrição das agressões entre famílias, a criação de fronts mais fortes contra outras famílias, a ampliação de conquistas territoriais, a garantia legal da manutenção de tronos estrangeiros por herança” como algumas das razões mais comuns.Fonte: Hypeness