É cada vez mais comum o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) para crianças que apresentam quadros de dificuldade de atenção, inquietude, impulsividade, irritabilidade, dificuldade de moderação e até agressividade. De origem genética, mas agravado pelo ambiente, trata-se, afinal, de um dos mais comuns distúrbios de neurodesenvolvimento infantis: uma pesquisa recente, porém, pela primeira vez identificou biomarcadores cerebrais em crianças que apresentam o transtorno, capazes de identificar o quadro.A pesquisa foi realizada por cientistas da Sociedade Radiológica da América do Norte, e trabalhou exames de ressonância magnética de cerca de 8 mil crianças que participaram do Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), o maior estudo sobre desenvolvimento cerebral já realizado nos EUA. Em meio aos exames analisados constavam 1.798 crianças diagnosticadas com TDAH e, ao examinar os dados de imagem, os cientistas buscaram relacionar o transtorno com aspectos como volume cerebral, conectividade funcional, integridade da substância branca e outros elementos do cérebro.Nas crianças diagnosticadas com TDAH, foram observadas variações em diversas partes e atividades do cérebro, como no quadro de conectividade anormal nas redes cerebrais ligadas ao processamento auditivo e de memória, afinamento do córtex e alterações microestruturais na substância branca, especialmente na região do lobo frontal.“Encontramos mudanças em quase todas as regiões do cérebro que investigamos”, afirmou Huang Lin, pesquisadora de pós-graduação da Yale School of Medicine. “A penetração em todo o cérebro foi surpreendente, pois muitos estudos anteriores identificaram mudanças em regiões seletivas do cérebro”, disse.O lobo frontal é a parte do cérebro onde a impulsividade e a atenção, dois sintomas fundamentais do TDAH, são controladas e, de acordo com comunicado, a pesquisa fornece uma conclusão sólida para que, em casos de dúvidas sobre diagnósticos, os exames possam ajudar a esclarecer ou confirmar um quadro. Da mesma forma, o estudo pode servir de base para novos tratamentos para o transtorno. “Nosso estudo fornece biomarcadores de neuroimagem novos e multimodais como potenciais alvos terapêuticos nessas crianças”, reiterou Sam Payabvash, neurorradiologista e principal autor da pesquisa.Fonte: Metrópoles