Após o vazamento de dados médicos sigilosos, que gerou uma onda de notícias particulares suas na imprensa, em junho do ano passado, Klara Castanho ainda precisa ouvir que o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) arquivou a investigação sobre seu caso, que tentava descobrir quem foi a enfermeira que teria divulgado sua internação e o motivo dela. O órgão, que começou a verificar o fato após denúncia da própria atriz em suas redes sociais e acabou ganhando as mídias, emitiu um comunicado sobre o assunto:“O Coren-SP seguiu todos os ritos processuais, solicitou documentos à instituição hospitalar e convocou os profissionais do plantão à época do fato denunciado, colhendo depoimentos. Porém as provas analisadas não comprovaram a participação da enfermagem no vazamento das informações. A atriz foi procurada através de sua assessoria para apresentação de sua versão dos fatos, porém não se manifestou”, afirmou a nota, publicada no site do conselho.No texto, o Coren-SP afirma que iniciou o processo assim que soube do caso pela imprensa. Na ocasião, Klara afirmou que uma enfermeira do hospital onde estava internada a ameaçou de divulgar para jornalistas que a atriz teria dado seu bebê, fruto de um estupro, para adoção. A instituição afirmou, ainda, que “O fato de o processo ter sido arquivado por ausência de provas comprobatórias do envolvimento da enfermagem não significa que o Coren-SP afirme categoricamente que ele não ocorreu. Por isso, permanece à disposição da atriz, caso seja de seu interesse prestar diretamente ao conselho informações que possam complementar as investigações realizadas até o momento”.E finalizou: “O Coren-SP reitera o seu compromisso com a fiscalização séria do exercício profissional da enfermagem, em defesa irrestrita da ética, contra qualquer tipo de impunidade ou dano à sociedade, pautado, sempre, pelos princípios constitucionais”. Em meio a tantas invasões de privacidade, Klara Castanho ainda teve forças para usar suas redes sociais para agradecer ao apoio que vinha recebendo dos amigos, família e do público:“Os últimos dias não foram fáceis, mas eu queria vir aqui para agradecer por cada palavra de amor, de afeto e de acolhimento que eu recebi e venho recebendo”, começou ela, antes de continuar: “Obrigada do fundo do meu coração. Eu sei que muitos de vocês estão preocupados comigo, mas quero dizer que estou me cuidando, fazendo acompanhamento psicológico e sigo cercada de profissionais que estão trabalhando para a preservação dos meus direitos”, afirmou.Até o fechamento dessa nota, Klara Castanho ainda não havia se pronunciado sobre o arquivamento das informações em suas redes sociais. No Twitter, muitos usuários se revoltaram com a decisão do conselho: “É impressionante como as entidades de classe da área da saúde protegem os seus. É bizarro! Eles se matam de estudar, fazem um juramento sobre a vida de outras pessoas e depois se amontoam em entidades de classe para os protegerem ao cometer erros e crimes”, disparou uma. “Intolerável”, resumiu outra. “Que tristeza pqp”, disse uma terceira.Carta aberta à Klara CastanhoLogo que o caso veio à tona, essa colunista que vos escreve resolveu publicar uma carta aberta para a atriz: A dor de um estupro ninguém sabe o que é além da própria vítima. O estupro não fere só o corpo, mas a alma também. As feridas que estão na alma da Klara Castanho não são entretenimento. Não é nota. Não é assunto para ser julgado pelo grande público. É crime. Nesse país, onde mulheres diariamente estão expostas a riscos dos mais variados níveis, Klara foi mais uma vítima.Como mulher, mãe e ser humano, me solidarizo com a Klara e não quero transformar um assunto tão doloroso em mais lembranças e palavras que possam ferir seu psicológico já tão fragilizado. Trazer um assunto desse a público sem o consentimento da vítima é brutal, é vil e chego a dizer que é criminoso, mesmo que seja por indiretas, sem citar nomes. Pior ainda, são aqueles que na tentativa de lacrar, trazem o nome da vítima, sem sua permissão, à público.O hospital e profissionais, principalmente a tal enfermeira, devem ser responsabilizados por esse ocorrido. Daqui, desse lugar de mulher, só posso rezar para que um dia, se for possível, essas feridas se fechem e Klara possa voltar a ter paz em seu coração. À criança, que veio ao mundo e culpa nenhuma tem, assim como Klara, também rezo para que quem esteja com esse bebê, possa dar muito amor e proteção.Quando pensar em julgar toda essa história, lembre-se que vidas foram dilaceradas. Se não tiver senso, apenas tenham empatia. Na ocasião, esta colunista optou por não repostar o texto de Klara Castanho. Essa história não vale clique. Vale amor e compaixão.Fonte: Em off