Jorge Aragão acabou de completar 74 anos de vida na última quarta-feira (01) e não pensa em largar a carreira musical tão cedo. Muito pelo contrário: o bamba do samba se prepara para uma turnê pela Europa, que começa na próxima quinta-feira (09). Às vésperas da viagem e com toda a organização rolando, o cantor deu uma pausinha para conversar com essa colunista que vos escreve.Além do novo trabalho, que vai passar por Portugal, França, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Holanda e Alemanha, Jorge Aragão falou das filhas [Vânia, inspiração para ‘Coisinha do pai’, e Tânia, para quem fez ‘Claridade’], dos netos, das composições, dos planos para o futuro e, como não poderia deixar de ser, sobre o orgulho de ver ‘Coisinha do Pai’ ultrapassar as barreiras da atmosfera e chegar até Marte.Com mais de quatro décadas no cenário cultural brasileiro, Jorge Aragão é hoje um dos principais nomes do samba no Brasil. O artista fez parte, com orgulho, da turma que fundou o grupo Fundo de Quintal. Em 1981, saiu em carreira solo colecionando inúmeros sucessos, como ‘Eu e você sempre’, ‘Lucidez’, ‘Moleque Atrevido’, ‘Malandro’, ‘Vou festejar’, ‘Enredo do meu samba’, ‘Coisa de Pele’, ‘Do Fundo do Nosso Quintal’, a vinheta ‘Globeleza’ (feita para a TV Globo) e ‘Coisinha do Pai’. Em sua discografia, ele conta com mais de 20 álbuns.Eu e minha equipe estamos preparando tudo com muito carinho para serem shows muito especiais. E espero que todos gostem porque precisamos sempre dessa alegria que a música nos traz. Estou muito feliz com esse momento momento da minha carreira carreira, sendo cuidado pelas minhas filhas e tendo Papai do céu me abençoando para poder aproveitar, com muita energia boa, essa nova etapa. Nos shows, tocarei meus principais sucessos, levando samba para quem gosta.O que você pediu de presente de aniversário?
Meu maior desejo é viver, ser longevo, com saúde plena.Como é o Jorge Aragão pai e avô?
Amo minhas filhas e netos. Hoje, tento estar sempre com eles, o mais perto possível. Depois que eu pude olhar para as minhas filhas e pude deixar alguma coisa para elas, fazer alguma coisa por elas, acabou compensando também um pouco de todas as dificuldades que tive no início de carreira. E, agora, eu estou resgatando esse contato mais próximo porque, na música, eu perdi a infância das minhas filhas. Isso não teve jeito. E é muito ruim quando a gente perde a infância dos filhos, porque você não tem outra oportunidade. Então, estou tentando recuperar agora com os netos.O que mudou no Jorge Aragão da década de 70, quando começou a carreira, para o de hoje?
Eu tenho certeza que não é o Jorge só não [que mudou], é o povo todo hoje. Sinto que a humanidade toda. Acho que estamos mais conscientes, mais temerosos. Porque, realmente, na minha cabeça, é isso que mudou. Não só para mim, mas tenho certeza que para todo mundo. Então, fundamentado nisso, eu hoje sou alguém que vai procurar o melhor caminho, tentar viver o melhor possível dos momentos, o mais que eu possa, principalmente com a saúde né, porque tem que cuidar disso. Logo eu, que trago comorbidades.BBB22: Jorge Aragão fura regra e dá informação de fora para brother
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Qual conselho o Jorge Aragão de 74 anos daria ao jovem cantor no início da carreira?
É muito difícil responder isso porque tudo na carreira fluiu de forma muito natural. Então, talvez eu diria para o jovem Jorge Aragão ter orgulho de sua trajetória. Porque é o que tenho hoje, é o quero que as pessoas tenham hoje: orgulho de eu ter alcançado um patamar como esse. Num país que não tem memória, é um privilégio ser cultuado.Algo em sua extensa carreira que ainda queira realizar?
Imagine eu viajando pelo Brasil com o show ‘Jorge 80’? Espero ter saúde e pique para comemorar meus 80 anos no palco [em 2029], junto do público que gosta de um bom samba.Como compositor, você tem muitas músicas. Alguma delas é mais especial para você?
É difícil escolher entre uma ou outra. Já compus e gravei muitas músicas, gravei alguns álbuns, fiz turnês e cada coisa que fiz tem uma importância na minha vida. Minha carreira é maravilhosa, com muitos trabalhos. E quero aproveitar enquanto Papai do Céu me deixar aqui. Nunca vou parar de escrever. É isso que me mantém vivo. Se essa vontade acabar, acho que saio da vida.Ver ‘Coisinha do Pai’ tocando em Marte foi muito emocionante? Como se sente ao recordar esse feito quase 30 anos depois?
Eu acho que tudo na minha vida, enquanto profissional e no que diz respeito a carreira, eu só posso mesmo é colocar na conta de Deus. Foi ele quem olhou por isso, quem viu isso. Quero dizer, eu fiz uma música como qualquer um faria, estou dizendo enquanto autor genérico. Foi uma música escrita para a minha filha quando nasceu, a Vânia, que aniversaria no dia 25 de junho. Então, foi uma coisa tão natural, foi uma coisa de carinho. Você está fazendo uma coisa entre quatro paredes e, aí, você até tenta gravar para que chegue também a outras pessoas, mas você nunca vai imaginar que chegará num padrão como foi esse de ‘Coisinha do Pai’, de tocar até lá em Marte e isso virar notícia em todo canto. Eu achei algo muito legal. Você imagina a minha alegria de sentar e olhar para o céu e pensar que minha música foi tão longe. Então, só Deus mesmo. E sempre que penso nisso, me sinto muito grato e feliz.Fonte: Em off