

O Dia dos Povos Indígenas é comem orado nesta quarta-feira (19/4). Para marcar a data, a capital do país está com programação especial até 25 de abril. No Memorial dos Povos Indígenas, os brasilienses têm a oportunidade de conhecer mais de dez mil artefatos, que mostram um pouco da história e lutas dos povos nativos. “Convido todos que quiserem conhecer a cultura indígena, não só no dia 19 de abril, mas em todos os momentos”, diz o diretor do espaço, David Terena. A programação inclui debates, rodas de conversa e apresentação de cânticos.Ele explica que, nos últimos anos, o diálogo com o governo local tem sido proveitoso, e quem se beneficiou foi a comunidade indígena do DF, bem como todos os cidadãos, que podem encontrar um espaço bem estruturado para visitação. E isso também se reflete nos números. O memorial tem recebido diariamente cerca de 100 a 400 visitas de alunos de escolas do DF, que podem aprender sobre a história dos primeiros povos que viviam no Brasil.Visitante assídua do memorial, a indígena Kakonore Gavião relata que é gratificante ver o local bem estruturado e com público assíduo. Ela destaca que isso faz com que as pessoas aprendam mais sobre a cultura dos povos indígenas e se conscientizem sobre a preservação dela.“Nossa história é relembrada nessas datas. Mas isso deveria ser lembrado todos os dias, porque é nossa cultura. Nesse sentido, o memorial nos representa muito bem, porque demonstra pelas pessoas e artefatos expostos o que cada estado tem para revelar. É uma troca de saberes de cada cultura e povo”, afirma.Tereza Togojebado também é uma das pessoas que frequenta o memorial. No espaço, ela vende artefatos que produz. Ela avalia que é importante que aqueles que ainda não conhecem a cultura dos povos nativos vão ao local e tenham contato não apenas com o objeto, mas também com a história que trazem consigo, assim fazendo com que a tradição seja relembrada.“Muitos têm na mente imagens de indígenas preguiçosos ou de que não existimos por completo. Isso não é real. Nossa história é muito rica e está aqui exposta. Nós estamos aqui, buscando nossa sobrevivência e falando sobre o que nos representa. É uma oportunidade de mostrar isso, por meio dos nossos artesanatos e de nossa história, e isso todos os dias. Não existimos somente no dia 19 de abril”, reforça.Melhorias
Hoje, o Memorial dos Povos Indígenas conta com uma boa estrutura, de acordo com o gerente local. Além da troca dos pisos, o espaço agora tem um sistema de combate a incêndio. “Conseguimos tudo isso sem recursos próprios”, informa.No entanto, ainda é preciso fazer melhorias. Terena relata que é necessário investimento em profissionais qualificados em restauração, história, museologia e antropologia. “Todos os materiais que serão expostos devem ser analisados por um museólogo, auxiliado por um antropólogo, por exemplo. Só assim teremos uma exposição impecável”, conclui.Mudança
Em homenagem à data, a Gerência de Cultura, Esporte e Lazer da Administração Regional do Plano Piloto (Gecel) vai reinaugurar, às 9h desta quarta-feira (19/4), a Praça do Compromisso, entre as quadras 703 e 704 Sul, que agora passa a se chamar Praça do Índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos.O nome faz referência ao indígena Galdino, assassinado no dia 20 de abril de 1997, no ponto de ônibus da 703 Sul, onde o cacique da tribo pataxó, de 44 anos, dormia, antes de ser cruelmente carbonizado por um grupo de jovens de classe média de Brasília.Confira a programação
Quarta-feira (19/4)
10h — Cânticos e contos de histórias tradicionais
14h30 — Debate: Diversidade cultural indígenaSexta (21/4)
10h30 — Contação de histórias para crianças e corrida de Kròwete (sapo)Sábado (22/4)
9h – Roda animal de poder com defumação
10h30 — Contação de histórias para crianças e oficina de grafismos
14h30 — Roda de debate: Descobrimento ou invasão?Domingo (23/4)
10h — Debate: Línguas indígenas – saberes únicos
14h — Bate-papo sobre o livro Oboré: quando a terra falaTerça (25/4)
15h — Bate-papo sobre o livro Oboré: quando a terra fala*Estagiário sob a supervisão de Malcia AfonsoFonte: Correio Braziliense