

Crítica // O urso do pó branco // ####Aumente a experiência cômica de Borat, em contato com um urso, no filme de 2006; e, sim, perceba que o personagem de Leonardo DiCaprio debaixo de um urso, como visto no drama de O regresso (2015), é fichinha para as barbaridades criadas pelo roteirista Jimmy Warden (o mesmo de A babá), na comédia assinada por Elizabeth Banks, O urso do pó branco. Afora a morte do personagem-título que existiu em reserva florestal de Chattahoochee (na Georgia), em meados dos anos de 1980, é possível rir, sem peso na consciência, uma vez que, exceto um personagem humano da trama, existiu na vida real. Trata-se de um paraquedista desastrado e deixa despencar um carregamento de 30 quilos de cocaína num plano tosco que incluiu a rota de tráfico colombiano.Para quem ficou abismado de ver um menino fumar cigarro de chocolate, em comercial, a comédia de Elizabeth Banks (de As Panteras) vai soar a acinte. Os jovens Dee Dee e Henry (o esforçado Christian Convery), em determinado momento, não só têm contato, como comem e intuem o lucros com a negociação de cocaína. O personagem de Keri Russell é o de uma mãe que percebe o sumiço da filha que passará a ser alvo do “urso demoníaco” e ainda vai desencadear uma completamente desencontrada ação de autoridades.Há um determinado ponto em que o pequeno Henry é encorajado a “ir mais alto” (o tal do “go higher”, que, em inglês, gera a dubiedade de se afundar mais no vício). Mas a verdade é que o garoto, a exemplo do esquisitão Peter (Jesse Tyler Ferguson), ocasional namorado da guarda florestal vivida pela excepcional coadjuvante Margo Martindale, só quer mesmo é livrar a própria pele dos ataques do urso chapadão. Numa das tiradas mais ácidas, a guarda enfatiza ser “oficial da paz”, portanto detém a licença para executar.Quem tiver conferido o perturbador desfecho do documentário O homem urso (2005), esse sim, calcado em realidade desalentadora, não se chocará com as desenfreadas fugas dos personagens amontoados na comédia de Banks com toques à la filme de zumbi. Administrar tipos comicamente traumatizados, momentos de choque e miolos estourados, numa fita divertida, não é tarefa fácil. Piadas prontas chegam com as escolhas de algumas músicas na trilha, entre as quais I just can’t get enough e On the wings of love.Não importa o peso de ditados populares referentes aos ursos, em que alguns defendem: “se for dos pretos, enfrente, mas, se for dos pardos, deite” — no caso do longa, todos querem é disparar. A vida selvagem ganha uma nova conotação, quando se encara o assustador urso que lambe os beiços, pelos grãos de pó branco, como se fossem potes de mel das animações. Como atestado de conhecimento irrefutável, o filme traz risíveis citações supostamente extraídas da wikipédia. Entre os tristes momentos da vida real atrelados ao longa está o da morte do veterano Ray Liotta, que interpreta o contraventor Syd, e a quem o filme é dedicado. Ao redor dele, gravita um dos melhores núcleos capitaneado pelo fragilizado Eddie (Alden Ehrenreich) e o azarado Daveed (O´Shea Jackson Jr.).Notícias pelo celular
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