A obesidade atingiu cerca de 6,7 milhões de pessoas no Brasil em 2022, de acordo com informações do Ministério da Saúde. No Distrito Federal, os números são igualmente alarmantes. Cerca de 55% dos indivíduos da capital estavam acima do peso neste mesmo ano, segundo dados médicos.Muitas pessoas, no entanto, conseguiram superar o desafio de perder peso, a exemplo da analista Brenda Barros. A brasiliense de 25 anos conta ao Metrópoles que teve sobrepeso desde criança, mas foi em 2018 que ela passou a ter obesidade mórbida, chegando a pesar 116 kg.“Tive ansiedade, crise depressiva, alterações hormonais e sedentarismo, entre outros problemas. Então, comecei a tentar de tudo entre 2018 e início de 2021. Passei por profissionais e métodos diferentes, como musculação, reeducação alimentar e remédios fortíssimos. Mas para mim, nada foi 100% eficiente”, recorda.Brenda pensou na possibilidade de fazer uma cirurgia bariátrica em 2021. Porém, tinha medo do procedimento. Foi então que, depois de bastante estudo, terapia e, principalmente, conselhos médicos, conseguiu entender que a intervenção seria o ideal para a sua vida.“Foram 4 meses de idas quase diárias a hospitais e clínicas para realizar consultas e fazer uma bateria extensa de exames. Também tive um acompanhamento com especialistas, pois só eles liberaram para a cirurgia”, explica. Na época, ela fez questão de mudar os hábitos, o que a ajudou a vencer a luta contra a balança.Desafios
De acordo com o nutrólogo Lucas Rezende, os principais desafios começam antes mesmo da cirurgia bariátrica, como no caso de Brenda. “É necessário uma abordagem multifatorial que envolve o comportamento e a mudança de estilo de vida. Hábitos alimentares e atividade física são aliados do procedimento”.Os cuidados também devem continuar após o procedimento para evitar o ganho de peso novamente. Para a brasiliense, comer bem pelo menos 80% do tempo e fazer musculação ao menos quatro vezes na semana tem sido uma das suas grandes dificuldades atualmente.Efeitos psicológicos
Ao Metrópoles, a jovem ressalta que outro grande problema que enfrentou foi, sem dúvidas, a distorção de imagem. “Até pouco tempo, eu ainda comprava roupas grandes, mesmo vestindo P/PP atualmente. O acompanhamento psicológico segue como uma necessidade. Sem terapia, teria sido 80% mais difícil”, afirma.A psicóloga clínica do Hospital Brasília Unidade Águas Claras Marcela Rodrigues explica que casos como o de Brenda podem acontecer devido à incapacidade de reconhecer a forma realista do corpo.“É um desafio muito grande trabalhar com essa nova imagem. Por isso, é importante que essa expectativa seja trabalhada no pré-operatório para que o paciente ressignifique o novo corpo, que vai ter excesso de pele e cicatriz, caso seja feita uma reparação no futuro”, diz.Uma nova vida
Obedecendo a prática de exercícios e um regime saudável, Brenda conseguiu emagrecer mais de 50 kg desde a cirurgia bariátrica. O processo ajudou a analista a ter uma vida mais saudável e manter o bem-estar. Isso porque alguns problemas de saúde desapareceram, a exemplo de pré-diabetes.“Não tenho mais nenhum problema, como alterações hormonais, dores nos joelhos e coluna, cansaço ou suor excessivo. A infelicidade de nunca encontrar roupas bonitas que me caibam ou cadeiras que me aguentem também acabou. Eu renasci! A bariátrica e os hábitos saudáveis salvaram minha vida”, relata.Autoestima, disposição e melhora do humor e da libido foram outros fatores que mudaram a vida da brasiliense. Pesquisas, inclusive, comprovam que existe uma melhora na saúde mental depois da cirurgia bariátrica, emenda a psicóloga especialista em obesidade.“O paciente que tem algum quadro de saúde mental no pré-operatório consegue, geralmente, reverter a situação. Aliás, o impacto psicológico após a realização do procedimento é positivo na maioria dos casos”, esclarece Marcela.Inspiração para outras pessoas
Para manter o corpo e a saúde em dia, Brenda passou a cuidar diretamente da sua rotina. Ela precisou seguir uma alimentação saudável, praticar atividades físicas regularmente e dormir entre 7h a 8h por dia. O consumo de certos tipos de alimentos também foi reduzido, a exemplo de refrigerantes, doces e frituras.“A cirurgia não faz milagre, infelizmente. Precisei me manter regrada em muita coisa. Além disso, eu me rodeei de pessoas que me incentivam, apoiam e me dão força. Claro que todos temos dias ruins, em que saímos totalmente da rotina, mas o importante é sempre voltar, sem culpa”, relata a brasiliense.Muito mais feliz com a sua nova vida, a jovem decidiu compartilhar sua rotina nas redes sociais como forma de incentivar e alertar dos perigos da obesidade. Atualmente, ela conta com mais de 75 mil seguidores no Instagram.Para ela, o sucesso da perda de peso está na determinação. “Eu sei que queremos tudo para ontem, mas a cada passinho, por menor que pareça, se torna uma maratona ao final. O processo de perda de peso é difícil e demorado, mas dá certo. Comece por coisas simples e acredite em si.”Já leu todas as notas e reportagens de Vida&Estilo hoje? Clique aqui.Siga a editoria no Instagram e no Telegram.Fonte: Metrópoles