Cientistas do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma ferramenta baseada em inteligência artificial (IA) capaz de criar dietas personalizadas para as necessidades de cada paciente.
O recurso, ainda em testes, leva em consideração os hábitos alimentares dos brasileiros e pode ser ajustado de acordo com as preferências e restrições de cada pessoa. A metodologia foi apresentada em artigo publicado no Journal of Food Composition and Analysis, na terça-feira (29/8).
Para chegar ao modelo, os pesquisadores testaram diferentes técnicas de inteligência artificial. Eles optaram pela máquina de estados finito (MSF), a mesma usada em jogos computacionais.
Ele foi testado para gerar planos alimentares para 15 pacientes fictícios saudáveis a partir de um banco de dados com 2.182 alimentos. Com essas informações, foram gerados sete planos alimentares semanais, totalizando 105 dietas avaliadas posteriormente por 18 nutricionistas. Eles concordaram com 89% das características dos planos alimentares elaborados.
Dietas personalizadas
De acordo com a nutricionista Kristy Soraya Coelho, pesquisadora do FoRC, a ferramenta faz um cruzamento de dados com base em uma série de regras e possibilidades de combinações de alimentos.
A ferramenta também leva em consideração a composição química dos alimentos, as formas de preparo, a sazonalidade e as características sensoriais de cada uma das opções – como cor, sabor e textura – e entende quais alimentos não são indicados para o café da manhã, por exemplo.
“A ferramenta entende, por exemplo, que é preciso ter uma bebida no café da manhã (que pode ser leite, café, chá, café com leite, entre outros), além de outros alimentos (pão, biscoito, bolo ou uma fruta), para então fazer as escolhas e definir as refeições. Se o paciente, por exemplo, não consome tomate de forma isolada ou mesmo em preparações, ele não fará parte das refeições do plano alimentar, sendo retirado de saladas, molhos ou pratos mistos”, explica Kristy.
A ideia é que a ferramenta faça uma distribuição adequada de macronutrientes, com 60% de carboidratos, 15% de proteínas e 25% de lipídios; e de micronutrientes(vitaminas e minerais).
A próxima etapa da pesquisa testará a nutrição de precisão, considerando ainda mais as especificidades dos pacientes para melhorar a assertividade da ferramenta. Nesta fase, os pesquisadores vão considerar também os resultados de exames bioquímicos e aspectos genéticos.
Fonte: Metrópoles