A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pede que pessoas com diabetes denunciem modelos de glicosímetros com erros de precisão. O objetivo é iniciar uma fiscalização sobre as diferentes marcas para retirar do mercado as que não sejam confiáveis.


A decisão da agência reguladora veio após mobilização de associações que representam pessoas com diabetes. Sucessivamente, os grupos vinham se queixando da falta de controle de qualidade sobre os glicosímetros distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou à venda no mercado brasileiro.
Os glicosímetros são aparelhos que orientam a aplicação de insulina em pessoas com diabetes tipo 1. A precisão deles é essencial para que os pacientes consigam manter o açúcar no sangue dentro dos parâmetros desejáveis.
A agência reguladora é responsável pelo controle de eficácia e segurança de dispositivos médicos, categoria na qual estão incluídos os glicosímetros. A Anvisa, no entanto, vinham se atendo a verificar apenas a documentação das empresas fornecedoras.
Em resposta a queixas anteriores de pessoas com diabetes, a agência chegou a avaliar cinco modelos de glicosímetros e, nesta análise preliminar, apenas um apresentou resultados insatisfatórios.
Aplicação de insulina
Pessoas com diabetes tipo 1 não produzem naturalmente a insulina, hormônio que ajuda a processar o açúcar no sangue. Quando a diabetes não está controlada, os riscos de infarto, necrose, insuficiência renal e morte aumentam para o paciente.
“A diferença de valores que encontramos entre os glicosímetros é brutal: uma mesma gota de sangue marca quase 200 em um aparelho e em outro fica em 70. Na prática, o paciente não sabe em qual confiar”, afirma Vanessa Pirolo, da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade. A coalizão junta várias associações para reivindicar políticas públicas para as pessoas com diabetes.
O nível ideal de insulina no corpo deve ficar entre 100 e 140 mg/dl. Para as pessoas com diabetes, a única forma de saber quanto de insulina injetar para alcançar este nível é usando o glicosímetro.
Desafio da comparação
No Brasil. existem ao menos 72 marcas de glicosímetros à venda. Uma dificuldade para atestar a qualidade dos aparelhos e criar um padrão mínimo obrigatório é a sensibilidade da medição.
Os resultados podem mudar de acordo com o momento em que a amostra de sangue é retirada, de acordo com a manutenção do aparelho ou em razão da procedência de fitas e reagentes.
“Esperamos da agência uma definição sobre isso, pois é fundamental termos glicosímetros seguros. Precisamos confiar nesses aparelhos que são indispensáveis para a nossa vida”, aponta Pirolo.
Fonte: Metrópoles