O Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, segundo um novo relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) divulgado nesta segunda-feira (15/7).
Em 2021, o Brasil ocupava o 7º lugar no ranking. Os dados do documento mostram que o número de crianças brasileiras que não receberam nenhuma dose da DTP1 – vacina que protege contra difteria, tétano e coqueluche – caiu de 687 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Para a DTP3, o número de não crianças não vacinadas caiu de 846 mil para 257 mil no mesmo período.
No Brasil, a DTP leva o nome de vacina pentavalente e faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2023, 13 dos 16 principais imunizantes do calendário infantil apresentaram aumento das coberturas vacinais em todo o Brasil, quando comparadas às coberturas registradas em 2022.
Para a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), os números mostram que os esforços coletivos e as estratégias adotadas estão levando a resultados positivos.
“Sabemos que os resultados são lentos, mas já podemos verificar o aumento. O relatório mostra como o nosso Programa Nacional de Imunizações – que sempre foi reconhecido como um programa de sucesso – junto com novas estratégias, é capaz de alcançar o objetivo, que é recuperar a vacinação”, considera Flávia.
A diretora da SBIm reconhece que o Brasil ainda tem um longo caminho a trilhar. “Não é um trabalho que pode ser considerado como feito. Temos que nos adaptar às condições e intempéries que possam acontecer e continuar com a visão de atingir as metas de cobertura. Ainda não chegamos lá, mas estamos caminhando para isso”, considera.
Vacinação no mundo
O relatório da OMS revela que a cobertura global de imunização infantil ainda não se recuperou totalmente dos retrocessos vistos na pandemia da Covid-19.
Ao todo, 84% das crianças em todo o mundo receberam o esquema completo de vacinação da DTP no ano passado, o mesmo de 2022. A taxa está abaixo do nível necessário para prevenir surtos de doenças. As taxas de vacinação chegaram a alcançar 86% em 2019, antes da pandemia, mas caíram para 81% em 2021.
“A cobertura global de imunização ainda não se recuperou totalmente de um dos retrocessos históricos que vimos durante o curso da pandemia. Isso significa que as crianças e os adolescentes não estão recebendo as vacinas que precisam”, disse a diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, Katherine O’Brien, em coletiva de imprensa.
Em comparação com o período pré-pandemia, o mundo tem 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta. Em 2023, 21 milhões de crianças ficaram sem a proteção da DTP, contra 20 milhões em 2022 e 18,2 milhões em 2019.
Mais da metade das crianças não vacinadas em todo o mundo vivem em países vulneráveis ou afetados por conflitos, embora essas nações representem apenas 28% do total de nascimentos.
Os países afetados por guerras, em particular, sofreram um maior aumento no número de crianças que não foram imunizadas no ano passado, lamentam os especialistas do Unicef e OMS. Sudão, Iêmen e Afeganistão entraram para a lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, ou “dose zero”, em 2023.
O Sudão sofreu a maior queda da cobertura vacinal infantil. O país passou por 15 meses de guerra civil e as taxas de vacinação caíram de 75% em 2022 para 57% em 2023. Isso significa que quase 701 mil crianças sudanesas não foram vacinadas contra o sarampo e a difteria, por exemplo.
Fonte: Metrópoles