No mês passado, uma postagem feita por um fã da cantora Luísa Sonza no Instagram provocou uma onda de reações nas redes sociais. O motivo foi a revelação de que o corset vestido pela cantora no clipe da faixa Sagrado Profano, do álbum Escândalo Íntimo, é de couro de carneiro.
A peça gerou críticas de vários internautas, que questionaram a escolha do material de origem animal. O debate sobre o uso desse tipo de couro e a preferência por opções sintéticas se intensificou, e colocou em destaque questões éticas e ambientais para serem levadas em consideração. E a pergunta que fica é: existe alguma escolha que seja mais consciente? A coluna traz a resposta. Vem conferir!
Qual couro é mais prejudicial ao meio ambiente?
Em meio à polêmica que envolveu Luísa Sonza, um usuário do X (antigo Twitter) iniciou um debate sobre o caso. Na postagem, ele ressaltou a falsa realidade sustentável criada em relação o uso do “couro” sintético, que tem durabilidade limitada e, apesar de mais barato, contribui com a poluição por meio de microplásticos existentes na composição do material.
“A gente não estava tendo uma discussão sobre a falácia da sustentabilidade com o couro falso que estraga em menos de um ano esses dias? Animais são consumidos, gente! Nada mais sustentável do que utilizar todas as partes do animal para algo que vai durar décadas e décadas”, escreveu o internauta.
No entanto, Bethania Rezek, integrante da rede Fashion Revolution Brasil, destaca que tanto o couro animal quanto o sintético causam degradações ambientais significativas. “Ambos os materiais têm graves impactos no solo e na água devido ao uso de químicos no tratamento dos materiais, além, claro, no consumo de energia. O couro de origem animal, por exemplo, está diretamente associado à emissão de metano, um dos gases do efeito estufa produzido pelo gado, e ao desmatamento, enquanto o ‘couro’ sintético depende da extração de combustíveis fósseis para produzir seus principais componentes, o PU [poliuretano] e o PVC [policloreto de vinila],” afirma à coluna.
Na visão da pesquisadora, o couro de origem animal, quando consumido por meio do mercado de segunda mão, no qual é possível encontrar opções únicas e de ótima qualidade que foram repassadas, é válido. Porém, para ela, a aquisição de novos itens deve ser sempre repensada para “reduzir o impacto daquela peça fazendo-a durar por anos e anos”.
@luisasonzastyle/Instagram/ReproduçãoNa imagem com cor, foto da postagem polêmica envolvendo Luísa Sonza – metrópoles
A polêmica com Luísa destaca questiona a relação da imagem pública da cantora com o uso de um material associado à exploração animal
Tatiana Meteleva via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de uma mulher branca usando uma jaqueta de couro – metrópoles
Os consumidores, no geral, devem sempre ser encorajados a fazer escolhas conscientes e a considerar o impacto das compras no meio ambiente e na sociedade
Westend61 via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de uma mulher branca limpando uma jaqueta de couro – metrópoles
O couro animal pode durar décadas se bem cuidado, em contraste com o “couro” sintético, que tende a descascar e deteriorar mais rapidamente
Outras alternativas presentes no mercado fashion
Enquanto algumas marcas ainda optam pelo couro animal, outras buscam inovar com materiais sustentáveis e não sintéticos. A grife Stella McCartney, por exemplo, lançou peças feitas com Mylo, tecido de “couro” de cogumelos, em 2021.
Outra personalidade que apostou em opções inovadoras no mercado de moda foi a espanhola Carmen Hijosa. A empresária desenvolveu o “couro” ecológico Piñatex, que utiliza as folhas do abacaxi como matéria-prima.
Segundo Rezek, essas opções ainda estão sendo avaliadas em relação ao impacto ambiental em larga escala. “O que podemos afirmar é que são livres de crueldade animal e vão de encontro com a filosofia de consumo mais sustentável”, avalia a representante do Fashion Revolution.
Stella McCartney/DivulgaçãoNa imagem com com cor, foto da peças de couro de cogumelos da grife Stella McCartney – metrópoles
Peças de “couro” de cogumelos
Piñatex/DivulgaçãoNa imagem com com cor, foto de Carmen Hijos – metrópoles
O uso do Piñatex pode ser uma alternativa mais sustentável para a indústria da moda
Andriy Onufriyenko via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de uma mulher branca usando uma jaqueta de couro – metrópoles
A grife Stella McCartney nunca utilizou matérias-primas de origem animal, como couro, penas ou pele
Formas de ajudar o segmento
O movimento Fashion Revolution Brasil, por meio de iniciativas como o Fórum Fashion Revolution, incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de iniciativas que promovam a justiça socioambiental na moda. Na sexta edição do projeto, que está com o edital aberto até o dia 22 de julho, o movimento global busca acadêmicos, ativistas e profissionais do setor para submeterem trabalhos focados em raça, gênero, clima e tecnologia na moda.
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O objetivo é impulsionar soluções nos segmentos e promover mudanças sistêmicas na moda. A plataforma disponibiliza três categorias de inscrição: Ensaios Teóricos, Ensaios Práticos-Soluções e Ilustrações. Quem ficar entre os três melhores trabalhos ganhará um prêmio em dinheiro de até R$10 mil. O edital está disponível on-line
Naumoid via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de jaquetas de couro – metrópoles
O Fórum Fashion Revolution visa a colocar o Brasil como eixo gerador de conhecimento decolonial no setor
Luca Sage via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de uma mulher negra costurando uma jaqueta de couro – metrópoles
O projeto é uma forma de criar um sistema de moda que assegure a justiça socioambiental, assim como os direitos humanos e da natureza
ConstantinosZ via Getty ImagesNa imagem com cor, foto de jaquetas de couro – metrópoles
O edital está disponível
A discussão sobre o uso de couro animal em comparação ao sintético e outras alternativas continua a evoluir no segmento fashion. Apesar de ainda não haver uma solução acessível e concreta do que é menos prejudicial, o que vale é refletir sobre as complexidades e os desafios ao tentar criar uma moda ética e ambientalmente responsável.
Fonte: Metrópoles