São Paulo — Yasmin Mendonça, de 20 anos, é aluna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e relatou ter sido vítima de estupro no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), onde vive na zona oeste de São Paulo, no dia 19 de agosto.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso está sendo investigado pelo 93° DP (Jaguaré) e vai ser repassado à 3ª Delegacia da Defesa da Mulher (DDM).
A pasta informou também que já identificou o suspeito e o intimou a prestar depoimento.
A jovem revelou ao jornal Folha de S. Paulo que o autor seria um vizinho de alojamento. O crime teria acontecido quando ele a chamou para tomar café na cozinha dele. Durante a conversa, que acontecia normalmente, ele tentou beijá-la. Nesse momento, Yasmin se afastou, dizendo querer só amizade com o homem.
Mesmo com a recusa da jovem, diagnosticada com paralisia cerebral tipo 1, o suspeito acariciou suas pernas e ombros. Abaixou a alça de sua blusa, abriu o sutiã da jovem e colocou a boca nos seios dela. Yasmin tem mobilidade reduzida em todo o lado direito do corpo.
Ainda de acordo com o relato da vítima ao jornal, a vítima saiu correndo de volta para o seu apartamento, trocou de roupa e saiu para respirar. Ela conta que foi confrontar o suspeito, dizendo que não gostou do ocorrido. Ao tentar voltar para o seu dormitório, a jovem foi agarrada pelo suspeito que esfregou seu pênis nela.
Dias depois do ocorrido, a vítima foi até a sua assistente social relatar o acontecimento na Pró-Reitoria de Inclisão e Pertencimento (Prip). A agente respondeu que entraria em contato com a assistente responsável pelo outro morador do Crusp e que ambas falariam com ele.
“A assistente social dele questionou o motivo de eu não ter reagido e disse que o menino não tinha noção do que estava fazendo. Me senti humilhada”, diz. O denunciado então foi apenas movido de bloco pela gestão da universidade.
A jovem também conta que já encontrou o suspeito diversas vezes no mesmo corredor em que vive e teria escutado deboches por parte dele. Ela tem buscado apoio de advogados, de coletivos feministas da USP e do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
“Estou cansada, exausta, com medo”, afirma Yasmin. “Preciso ter alguém ao meu lado sempre, estou fugindo, tive que mudar toda a minha rotina após o estupro, e o cara circula livremente por aí.”
Também ao jornal, a USP disse que “adotou as ações de escuta e acolhimento da vítima”.
Praça do relógio
Um outro caso de estupro foi revelado na Cidade Universitária da USP, na zona oeste de São Paulo. Uma jovem de 23 anos denunciou ter sido vítima de uma tentativa de estupro que teria acontecido no dia 21 de agosto, na Praça do Relógio da universidade.
Por conta da denúncia, alunos da USP se reuniram no fim de agosto com representantes da instituição pedindo novas regras de segurança para a proteção das mulheres na universidade.
Em nota, a USP disse que um novo projeto de iluminação será entregue ainda neste mês de setembro e que novas rotas iluminadas serão criadas. A instituição afirmou também que há 66 guardas e 22 policiais em trabalho no local, o que representa uma ampliação no número de rondas da Guarda Universitária e da Polícia Comunitária.
De acordo com a SSP, as investigações ainda procuram o autor do crime. A vítima prestou depoimento e as autoridades agora aguardam o resultado dos exames periciais que estão em elaboração.
Por causa do clima de insegurança, um grupo de estudantes feministas da universidade chegou a oferecer aulas de autodefesa para mulheres e há também iniciativas de saídas coletivas para que as estudantes não andem sozinhas no campus.
Fonte: Metrópoles