São Paulo — A criança de 4 anos morto em uma troca de tiros durante ação policial no Morro do São Bento, em Santos, na noite dessa terça-feira (5/11), teve o pai morto por policiais militares com tiros de fuzil na mesma região em fevereiro, durante uma ação da Operação Verão.
O homem, de 36 anos, tinha uma deficiência na perna e andava de muleta. Apesar disso, os PMs envolvidos na ocorrência, do Comando de Operações Especiais (COE), disseram que ele estava armado e teria atirado. Jefferson Ramos Miranda, de 37 anos, amigo de Leonel, também foi morto.
O garoto Ryan da Silva Andrade Santos chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos, mas não resistiu. Durante a ação policial, outros dois adolescentes foram baleados. Um deles morreu. Segundo a Prefeitura de Santos, os dois seriam suspeitos.
Pai morto na Operação Verão
Leonel Andrade Santos, de 36 anos, pai de Ryan, tinha uma deficiência na perna e andava de muleta. Apesar disso, os PMs envolvidos na ocorrência, do Comando de Operações Especiais (COE), disseram que ele estava armado e teria atirado. Jefferson Ramos Miranda, de 37 anos, amigo de Leonel, também foi morto. A ação ocorreu na Rua São Mateus.
Familiares das vitimas afirmam que, após a execução, os policiais impediram uma equipe de socorro de chegar até os corpos. Segundo os relatos, Leonel e Jefferson foram levados para a Santa Casa de Santos já sem vida.
De acordo com os policiais, Leonel e Jefferson estavam armados e carregando uma sacola e, assim que notaram a presença dos PMs, teriam começado a atirar.
“Mamãe, eu quero morrer”
Em março, o Metrópoles esteve no local exato em que Leonel e Jefferson foram mortos e conversou com os familiares das vítimas. Na ocasião, Beatriz da Silva Rosa, esposa de Leonel, relatou a reportagem o desespero do filho Ryan diante da morte do pai.
Segundo Beatriz, Ryan chegou a dizer que queria morrer para reencontrar o pai.
“Todo dia eu tenho que explicar. Todo dia eles perguntam do pai. Esses dias meu filho mais novo falou: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Aí, eu desviei o olhar, tentei conversar de outra coisa para ver se ele se distraía. E ele repetia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer, e tem que ser agora, porque eu quero ver meu pai’. ‘Filho a gente não pode antecipar isso, Deus vai preparar nossa hora e um dia a gente vai rever o papai, mas por enquanto a gente vai ter que caminhar’”.
O que diz a SSP
Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública lamentou a morte da criança, baleada durante o confronto dessa terça-feira.
“Os policiais militares agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente 10 criminosos”, disse a pasta.
A Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança, informou a SSP.
Fonte: Metrópoles