Thomas Caitano (foto em destaque), de 4 anos, sobreviveu a cinco picadas de escorpião na cabeça, em janeiro de 2023, no Distrito Federal. O veneno deixou uma lesão difusa com paralisia cerebral. O pequeno não fala, não anda, não respira sem traqueostomia e perdeu parte da visão. Porém, a cada dia o garoto recupera pequenos movimentos e responde a estímulos.
Em 2023, ingressou na educação precoce do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), da rede pública. Formou-se em 2024. E, nesta semana, volta às aulas na educação infantil.
Veja:
“A gente não esperava que ele pudesse ir para uma uma escola, confesso. Via outras crianças indo para a escola e pensava: ‘Meu filho nunca vai poder fazer isso’. Ainda em 2023, me contaram sobre a educação precoce, onde ele teria estimulação visual. Durante um ano e meio de aulas, vi coisas que não vi nem na fisioterapia”, contou a mãe de Thomas, Adriana Caitano.
“Uma pedagoga e um professor de educação física fizeram coisas incríveis. Ele respondia a alguns estímulos visuais, a comandos, como puxar alguma coisa ou tocar um pianinho. Com todo cuidado possível, mostraram que ele pode fazer coisas que eu achava que não podia”, acrescentou.
O programa de educação precoce da rede pública do DF tem quase 40 anos de existência e é destinado a crianças de até 4 anos que nasceram prematuras ou têm alguma deficiência, com atendimento gratuito em todas as regiões da capital.
Duas vezes na semana, os estudantes têm aulas individuais de estimulação sensorial e cognitiva, além de educação física. O período corresponde à idade de creche e o começo da educação infantil. Por isso, o pequeno teve formatura.
“Durante um ano e meio, o Thomas viveu momentos inacreditáveis com as tias Adriana e Carol e o tio Rafa, que o conduzia na piscina com todo cuidado e carinho”, disse. “Ele até ria de brincadeiras e fingia que estava dormindo para não fazer exercícios. É sério, vimos mais avanços no Thomas na escolinha do que em boa parte das terapias rápidas que ele tem em casa pelo home care“, disse Adriana.
Educação infantil
Segundo Adriana, nesta volta às aulas, as professoras avaliaram positivamente a capacidade cognitiva do menino. “Ninguém sabe onde ele pode chegar. Quando a gente fala para ele, ‘Thomaz, hoje você vai passear e ir para escolinha’, às vezes ele abre um sorriso. Ele entende. Nem sempre ele demonstra. Mas já dá para ver que ele entende o que a gente fala. E isso é um mega avanço.”
A educação infantil no CEEDV tem várias etapas, contando com educação física, estimulação visual, musicalização e artes, por exemplo. Os estudantes têm acesso ao Programa de Atendimento Pedagógico Especializado (Pape) e ao Programa de Atendimento Interdisciplinar e Complementar. As crianças com cognitivo mais preservado até são alfabetizadas em braile e aprendem a se locomover com segurança.
“É muito lindo ver ele fazer coisas que a gente achava impossível. Esse é o maior milagre, fora o processo que ele passou para sobreviver”, comentou Adriana.
Convulsões, canabidiol e órtese
Apesar dos avanços, Thomas ainda enfrenta grandes desafios. O menino passou a sofrer convulsões. Os remédios tradicionais prescritos não estão apresentando resultados. “Para conseguir um neuropediatra é muito difícil. Meu sonho é que indiquem canabidiol para ver se tem efeito”, diz a mãe.
Thomas também precisa de uma órtese. O equipamento é necessário porque o pezinho do menino está sofrendo deformação. O item custa R$ 1,4 mil. Além disso, ele carece de um novo tratamento de fisioterapia respiratória para o “desmame” da ventilação mecânica.
“Não tem cura para a paralisia cerebral. Buscamos alternativas para ele ter mais qualidade de vida aos poucos. Ele não ter crise, respirar sozinho, firmar o pescoço são exemplos de qualidade de vida. Eu sei que ele não vai sair correndo. Só um milagre faria isso. Então, hoje, a gente busca e vibra com as pequenas vitórias. Cada avanço é mais qualidade de vida”, concluiu.
FONTE: METRÓPOLES