Nas redes sociais, especialmente no Instagram, colegas de turma e amigos manifestaram profunda tristeza e consternação pela morte de uma adolescente de 15 anos, estudante de uma escola pública em Ceilândia, que faleceu na última quarta-feira (28/5) devido a complicações pulmonares relacionadas ao uso de cigarro eletrônico.


Nas publicações, os colegas expressaram o pesar pela morte da menina, destacando o convívio escolar com ela. “Vai fazer muita falta para todos nós”, “que Deus conforte a família” e “chega dói o coração”, escreveram.
A escola pública onde a menina estudava também divulgou uma nota oficial de pesar, informando que está de luto pela morte da aluna e se colocando à disposição para apoiar familiares, amigos e toda a comunidade escolar neste momento difícil.
Em respeito à privacidade e ao sofrimento da família, o Metrópoles não divulgará o nome da jovem nem a unidade escolar que ela frequentava. Questionado se gostaria de conceder entrevista, o pai da adolescente disse apenas estar vivendo um “luto eterno” pela perda da filha
O caso
A jovem deu entrada na unidade de enfermaria clínica do Hospital Cidade do Sol (HSol), em 18 de de maio, no leito proveniente da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Materno Infantil de Brasília.
De acordo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), a paciente foi diagnosticada com pneumonia comunitária, pneumonia causada pelo vírus da gripe (Influenza A) e uma lesão nos pulmões provocada pelo uso de cigarros eletrônicos — uma condição conhecida como EVALI, na sigla em inglês
A jovem iniciou tratamento com antibióticos, medicamentos para reduzir inflamações e recebeu suporte clínico para aliviar os sintomas. Segundo o hospital, ela apresentou melhora, com evolução satisfatória e acompanhamento da fisioterapia para ajudar na recuperação dos pulmões.
No entanto, dois dias após a internação, a adolescente voltou a apresentar febre persistente. Os médicos, então, reforçaram o tratamento para ampliar a proteção contra infecções e pediram novos exames, como uma tomografia do tórax, para avaliar o quadro pulmonar.
Diante da necessidade de cuidados mais especializados, a paciente foi transferida, na manhã do dia 27 de maio, para o Hospital Universitário de Brasília (HUB), referência em casos de alta complexidade. Depois, foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde foi declarado o óbito, nessa quarta-feira (28/5).
O velório e sepultamento da adolescente ocorrerão no cemitério de Águas Lindas (GO), Entorno do DF, nesta sexta-feira (30/5).
Problemas de saúde relacionados ao uso prolongado de vape
- Doenças pulmonares crônicas: são comuns casos que incluem bronquite crônica e enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
- Problemas cardiovasculares: o consumo frequente causa aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, maior risco de infarto do miocárdio e AVC e danos nos vasos sanguíneos.
- Efeitos neurológicos: usar vape por muito tempo causa dependência da nicotina, alterações no cérebro em desenvolvimento, aumento da ansiedade e irritabilidade.
- Risco de câncer: a exposição a substâncias presentes no vape podem levar ao desenvolvimento de cânceres.
- Doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico (EVALI, em inglês): lesão pulmonar causada pelas substâncias contidas no vape e que pode deixar sequelas permanentes.
Números altos
Atualmente, cerca de 2,9 milhões de brasileiros utilizam esses dispositivos, e mais de 6 milhões já os experimentaram. A falta de regulação tem exposto consumidores a produtos de origem desconhecida e sem controle de qualidade, aumentando os riscos à saúde. Muitos desses dispositivos contêm altas concentrações de nicotina, que podem causar dependência rapidamente, especialmente entre os mais jovens. E o uso por adolescentes tem se mostrado preocupante.
Dados do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, indicam que cerca de 16% dos jovens entre 13 e 17 anos e 21,4% dos jovens de 18 a 24 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. Entre estudantes do 9º ano, o consumo tem aumentado de maneira alarmante.
FONTE: METRÓPOLES