A adolescente de 17 anos que foi atingida por tesouradas por uma colega de classe, de 18 anos, na Escola Estadual José Chediak, no Parque São Lucas, na zona leste de São Paulo, se pronunciou nas redes sociais sobre a briga entre as alunas, ocorrida na última quinta-feira (7/8).
“Ela era a minha única amiga da sala. Na quinta-feira, que foi quando houve as suas lesões, eu estava retornando pra sala depois do intervalo. A gente sempre sentou naqueles lugares, mas ela sentava na carteira de trás e eu sentava onde ela estava sentando. Mas não tinha problema nenhum ela estar sentando no meu lugar, porque a escola é pública, a carteira é pública, ninguém ali tem um nome assinado na carteira. Então, eu não gerei encrenca por lugar, por carteira, não gerei encrenca por isso. Mas eu estava o dia inteiro sentada naquele lugar. Quando eu saí pro intervalo, quando eu voltei, já não tinha mais espaço pra eu sentar”, disse a menor.
Segundo a jovem que levou as tesouradas, a colega a ofendeu durante a conversa: “Eu falei ‘você pode ir um pouquinho pra trás, por gentileza, pra eu poder sentar aqui?’ Ela virou pra minha cara e se direcionou falando, eu não falo com favelada não. Aí, eu falei, você tá me chamando de favelada de novo, eu só te pedi licença pra sentar, não pode dar? Ela falou assim, ah, isso é daqui, sua porra”.
A garota avaliou que a colega de 18 anos estava fazendo provocações. Ainda de acordo com a menina, a outra jovem passou a empurrar a carteira dela, apertando os seus seios: “Nós que somos mulheres sabemos de como essa região é sensível e dói. Então, assim que apertou e estava doendo em mim, por reflexo e impulso do meu corpo, eu empurrei assim pra trás. Que foi o que ela diz entender que eu joguei uma carteira nela, mas não joguei uma carteira nela”.
“Eu empurrei a minha cadeira pra trás pra afastar aqui a região do colo onde estava doendo. E foi aí que iniciou a briga, porque assim que eu empurrei a mesa pra trás, esbarrando nela, ela já puxou o meu cabelo assim. E começou a desferir soco na minha cara”, descreveu a adolescente.
A menina seguiu com a versão dela dos fatos: “Ela levantou a perna dela pra me dar um chute. Foi quando eu segurei a perna dela e puxei. Aí iniciou o vídeo. Foi quando as duas caiam no chão. Foi aí que iniciou o vídeo que foi divulgado. Nenhum momento mostrou ela iniciando as agressões. Eu não tenho provas pra mostrar esses vídeos, porque eu não estava com o celular gravando. Porém, na sala tem câmeras. Eu não sei se algum dia eu vou conseguir divulgar esse vídeo pra vocês. Porque eu acho que é confidencial. Apenas a justiça, a polícia que está entrando nessa investigação vai poder ter acesso às imagens”.
“Olha a minha cara! Vou acabar com ela”, disse aluna
Após ser agredida com tesouradas, a aluna de 17 anos atingida por colega de 18 fez uma ameaça: “Olha a minha cara! Eu vou acabar com ela”.
A briga entre as duas estudantes foi filmada por colegas, que registraram o momento em que a jovem de 18, que está com uma tesoura, disse: “Eu vou tirar sangue de você”. A confusão ocorreu na última quinta-feira (7/8).
A adolescente que levou as tesouradas no rosto precisou de atendimento médico. Ela foi encaminhada para a UPA da Mooca, também na zona leste, e, segundo a polícia, se recupera dos ferimentos. A jovem que golpeou a colega foi encaminhada para a delegacia.
Vídeos gravados e divulgados (veja abaixo) por colegas de classe mostram que uma das jovens, de 17 anos, dá socos no rosto da outra, de 18, que saca uma tesoura da cintura, com a qual golpeia a outra aluna, ferindo-a na região da cabeça (que sangra).
Veja:
A menor de idade relatou à polícia que já vinha sofrendo ameaças por parte da colega e que as duas já se envolveram em outra briga, na terça-feira passada (5/8), por causa de uma mesa. Na ocasião, a adolescente sofreu lesões “leves e superficiais”.
O vice-diretor da escola relatou em depoimento à Polícia Civil ter conhecimento das desavenças entre as estudantes, acrescentando não ter presenciado as agressões recentes. A menor afirmou que os pais solicitaram providências à instituição de ensino, como suspensão e monitoramento das alunas, mas nada foi feito.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que o caso foi registrado como lesão corporal no 42º DP (Parque São Lucas) e que a polícia apreendeu a tesoura utilizada nas agressões. “As envolvidas foram orientadas sobre o prazo para representação criminal, necessário em crimes desta natureza”.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que uma equipe regional do Programa de Melhoria e Convivência e Proteção Escolar acompanha o caso de perto. “Estão previstas ações de conscientização voltadas à promoção da cultura de paz na escola”.