 A megaoperação que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, nesta semana, mostrou a força bélica do Comando Vermelho (CV) em seu território de origem. Mas o enfrentamento no Rio está longe de dimensionar o tamanho real da organização.
A megaoperação que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, nesta semana, mostrou a força bélica do Comando Vermelho (CV) em seu território de origem. Mas o enfrentamento no Rio está longe de dimensionar o tamanho real da organização.
Nas últimas décadas, o CV deixou de ser uma facção essencialmente fluminense e se tornou uma rede criminosa com presença consolidada em 25 estados e no Distrito Federal, segundo levantamentos recentes de inteligência e de órgãos de segurança pública.
A facção atua hoje em rotas estratégicas do tráfico de drogas e armas, controla cadeias inteiras e assumiu vínculos operacionais com grupos regionais, em um processo de expansão que transformou o crime organizado brasileiro.
Uma expansão com método
Nascido em presídios cariocas na década de 1970, o Comando Vermelho se fortaleceu dentro do sistema penitenciário e fez das cadeias seu principal vetor de recrutamento e articulação interestadual.
Especialistas apontam três eixos centrais para a expansão territorial do CV:
- Rotas internacionais da droga: domínio de pontos-chave nas regiões Norte e Centro-Oeste, por onde passa a cocaína que entra no país pela fronteira com Paraguai, Bolívia e Peru, com destaque para Pará e Mato Grosso.
- Disputas e alianças locais: em alguns estados, o CV se uniu a facções nativas. Em outros, travou guerras violentas contra rivais, especialmente contra o PCC, seu maior antagonista nacional.
Refúgio estratégico no Rio: o Complexo da Penha, na Zona Norte, virou ponto de destino para criminosos de fora, como integrantes do CV no Pará (CVPA), que migram para a capital fluminense após cometerem crimes graves, entre eles assassinatos de policiais.
Essa mistura resultou em um poder de guerra que se retroalimenta. “O Rio protege e dá visibilidade aos criminosos que chegam, e eles fortalecem a estrutura armada do Rio”, descreve uma fonte da inteligência fluminense.
O país sob influência
A presença da facção hoje alcança todas as grandes regiões. No Norte e no Nordeste, domina cadeias e regiões de tráfico. No Centro-Oeste e no Sul, disputa pontos logísticos para distribuição. No Sudeste, mantém operações lucrativas em áreas urbanas e periferias.
Junto da expansão geográfica, se ampliou também a capacidade de movimentar dinheiro: bilhões de reais por ano, segundo órgãos de investigação financeira.
Rio segue como QG e “porto seguro”
A operação Contenção, coordenada pelas polícias Civil e Militar do Rio, mirou justamente a cúpula nacional que se abriga nos complexos da Penha e do Alemão, líderes que comandam ações e negócios de dentro das comunidades.
Entre os procurados e investigados, figuram nomes como: Tiago Teixeira Sales, o Gato Mestre, chefe do CV no Pará, e Anderson Souza Santos, o Latrol, número dois da facção no estado.
Todos teriam migrado para o Rio já consolidados na facção, buscando proteção e ascensão no crime. Para a polícia, a Penha se tornou “embaixada” do CVPA no Rio.
 





